Síndrome da Lagartixa

28 jun • NotasNenhum comentário em Síndrome da Lagartixa

Vivemos tempos tão turbulentos e assustadores que a violência é a crueldade já se incorporaram na nossa agenda diária, seja na esquina ou na China. As imagens mostram atrocidades no atacado e no varejo de uma forma tal que só a lamentamos quando atinge direto o coração, geralmente individualizadas.

https://promo.banrisul.com.br/bdg/link/conta-universitaria-cashback-cartao-credito.html?utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=conta_universitaria&utm_content=escala_600x90px

O que tem a lagartixa a ver? É uma metáfora antiga. Se você colocar esse animal em água fervente ela imediatamente pula fora com velocidade que só ela tem. Se, ao contrário, a colocar em água morna e for aquecendo devagar até o ponto de fervura, ela morre queimada. É o que se passa hoje conosco.

Parte da paisagem

É o que acontece com essas coisas terríveis de forma diária e até horária. Também podemos lembrar o que disse o déspota Josef Stalin, títere da  falecida União Soviética, que já foi tarde. Quando o ministro das Relações Exteriores da URSS lembrou a ele que a matança de opositores, judeus, ciganos, homossexuais e a quem o chamava de traidores da Mãe Rússia eram capa da imprensa mundial – o total atingiu em torno de 40 milhões em poucas décadas, começando com os expurgos nos anos 1930 – Stalin deu de ombros.

https://cnabrasil.org.br/senar

O infame respondeu que a morte de 10 pessoas era uma tragédia; a morte de um milhão era uma estatística. De certa forma, é verdade. Por isso, uma tragédia familiar nos comove tanto, ao passo que dezenas ou centenas de milhares de pessoas que são vítimas da natureza em fúria merecem um breve “pobre gente”. Então somos lagartixas na panela aquecida aos poucos.

A vida sem sentido

Imagine um jovem de 18 anos ainda sem estatura formada e com raros pelos em vez de barba no rosto. Ponha nas suas mãos um fuzil M-16 ou um AK- 47 carregado e destravado e mostre a ele outro rapaz de 18 anos também sem barba e ordene: “mata”.

A banalidade do mal

Assim são as guerras dos generais. Defenda sua Pátria, dizem. Ou não dizem nada, apenas ordens dirigidas a imberbes pegos na voragem da sangueira quase sempre sem sentido.

O doutor sabia das coisas

A corrupção já fazia parte da máquina estatal da antiga União Soviética. Quando o comunismo deu os doces, os generais e marechal que saquearam as estatais se transformaram no que hoje conhecemos como a máfia russa.

Na hora da verdade, eles se dizem patriotas, que fizeram o que fizeram pelo bem do povo. Como já disse no século XVII o sábio Doctor Samuel Johnson, o patriotismo é o último refúgio dos patifes.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »