Seu Berta e o maleiro
Existem muitas histórias verdadeiras e outras nem tanto sobre a Varig dos tempos áureos. Dizia -se que os talheres de prata a bordo eram levados pelos passageiros, e que a companhia nem se importava com isso. O que era uma realidade até por aí. Ocorre que a Pioneira tinha o monopólio das linhas internacionais, que foram da Panair do Brasil até que ela “quebrou” por circunstâncias misteriosas, o que beneficiou a empresa gaúcha.
Mas isso são outros quinhentos. O fato é que voar era muito caro, pouca gente podia viajar para o exterior. E voar era um evento tão importante que homens usavam terno e gravata. e as mulheres encomendavam vestidos especialmente confeccionados para este fim. Pobre não entrava em avião, a não ser em caixão. Naturalmente, que as refeições a bordo eram um luxo, cuja qualidade era comentada por semanas pelas famílias.
Nos tempos de Rubem Berta, a Varig era obrigada a funcionar sempre nos trinques. Berta pessoalmente cobrava os responsáveis pelas falhas, fosse área que fosse. Isso incluía os maleiros próprios que mantinha nos aeroportos. É aí que entra a história de um empresário gaúcho que entendeu de dar uma generosa gorjeta para um deles.
– Pelo amor de Deus, seu Berta proíbe expressamente que a gente pegue gorjeta.
Deixou as malas no chão, virou -se de lado, escancarou o bolso da calça e deu o recado.
– Enfia a gorjeta aí, doutor.