Ser mãe é padecer… de cansaço?

8 maio • ArtigosNenhum comentário em Ser mãe é padecer… de cansaço?

Por PaulaDione, psiquiatra na Holiste Psiquiatria

Há um ditado que afirma que “ser mãe é padecer no paraíso”, remetendo às contraditórias emoções que seriam desencadeadas pelas vivências cotidianas da maternidade. Muito se falou e se fala sobre os mitos e fantasias ligados a essa experiência, e atualmente percebe-se um certo enfoque sobre algumas queixas frequentes entre mães, mais especificamente o cansaço. Chega-se ao ponto de cunhar o termo “mommy burnout”, algo como “esgotamento da mamãe”.

A queixa de cansaço certamente não é exclusividade da parcela maternal da população; no livro A sociedade do cansaço, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han argumenta que a lógica de produção e exigências constantes estariam levando as pessoas aos adoecimentos contemporâneos, ligados a hiperatividade e esgotamento. Em relação ao burnout parental, a prevalência pode chegar a 20%, segundo artigo publicado este ano. Curiosamente, um estudo verificou que mães de um único filho podem apresentar mais sintomas de esgotamento que mães que possuem dois filhos ou mais, a depender da sua percepção de autoeficácia, muito ligada também ao padrão de cobranças externas.

Fato é que, depois que os filhos nascem, estar cansada adquire outros significados. Em texto de 2019, Monica Pessanha recorda que a noite perdida por opção em uma festa passa a ser a noite perdida em função do choro de uma criança necessitada; a sensação de autonomia ou falta dela que ocorrerá no processo irá influenciar indubitavelmente nossa relação com o cansaço. Afinal, o que pode ser mais exaustivo do que sempre colocar as necessidades de outra pessoa acima das suas?

Com as mudanças nos padrões de relacionamento interpessoal, a sociedade vem refletindo sobre os estigmas colocados sobre a mulher e a maternidade. Nesse processo, participam de maneira incontestável os profissionais da saúde mental, tanto nas terapias individuais quanto nas discussões coletivas, oferecendo escuta, suporte, oportunidade de mudança de comportamento e alívio.

ATENÇÃO: As opiniões publicadas em artigos não necessariamente são as do editor deste blog.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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