Segredos de Polichinelo

5 jul • NotasNenhum comentário em Segredos de Polichinelo

Já escrevi sobre o tema há muitos anos, mas é bom voltar a ele. Tem algumas coisas que não entendo neste universo da mídia e das denúncias que os EUA rastreiam todas as comunicações do mundo.

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E também fico espantado pelo desconhecimento sobre a NSA (National Security Agency), que tem mais verbas do que a CIA, mas não é operacional. Ela escuta tudo, do fax ao e-mail passando por mensagens criptografadas, rádio, TV, tudo.

Tudo vai para enormes computadores onde filtros selecionam o grosso. Depois peneira de novo até chegar a mensagens (ou sua falta) que contêm palavras-chave previamente selecionadas. Aí entram os analistas.

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Por exemplo, quando aumenta o fluxo de comunicações numa determinada região crítica sob o domínio de organizações terroristas, ou mesmo conversa entre elas, soa o alarme.

E por que eu estranho a mídia?

Porque o tema está detalhado em romances de espionagem do escritor Tom Clancy, autor de livros como “Caçada ao Outubro Vermelho” (anos 80), “A soma de todos os medos”, “Ordens do Executivo”, “Jogos de Estado” e outros dos anos 90. Ele entende tanto do riscado que, não raro, era requisitado para dar palestras até por órgãos do governo, Pentágono incluído. Como se lê pouco nesse nosso mundo, com frequência vem à lume segredos de Polichinelo.

Nos anos 1960, os jornais que se dedicavam ao noticiário policial e cobertura de acidentes eram definidos pelos leitores que não gostavam dessa orientação como impressos “torce e sai sangue”. A criminalidade era longe da verificada hoje, até porque as populações eram bem menores. No trânsito era a mesma coisa. Os acidentes tinham em comum imprudência e imperícia ao volante.

Como hoje, só que, naqueles anos, os motores eram raquíticos. O fusca tinha 36 cavalos, hoje ridículos até para motores 1.0. Estes jornais cobriam até acidentes banais, sem vítimas.

Polícia vende jornal, era o lema. E vende mesmo. Inclusive hoje.

Os crimes nossos de cada dia

Falo isso porque, de alguns tempos para cá, os impressos e até os virtuais  dão cobertura aos assassinatos – quase sempre ligados às drogas – e outras formas de violência que explodem em qualquer canto devido à banalidade do mal, como disse a escritora alemã Hana Arendt no século passado.
De certa forma, impresso ou virtual “torce e sai sangue”.

A não ser os veículos dedicados ao assunto, especialmente na TV, que se esmeram em colocar mais vermelho no sangue já vermelho. A violência assim o exige.

O que eu pessoalmente condeno é o que chamo de cobertura como missa de sétimo dia. As suítes, ou continuações, extrapolam o bom senso. Relatos de amigos, parentes, policiais, um turbinar constante de tragédias por dias e semanas é comum nos veículos.

Por que prolongar a dor das famílias? Porque vendem. Vão me desculpar, mas isso é tremendamente “torce e sai sangue”. É um exercício de morbidez.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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