Salimen e seu tempo

7 mar • A Vida como ela foiNenhum comentário em Salimen e seu tempo

A história da primeira transmissão a cores da televisão brasileira foi devidamente comemorada, ressaltando que a façanha foi da TV Difusora, canal 10 (hoje Band). A emissora era da Ordem dos Capuchinhos, mas comandada por José Salimen Jr e Walmor Bergesch.

Na época, a Difusora era líder de audiência no RS, graças a um conjunto de inovações desenhadas por Salimen, um homem de visão. O Câmera 10 era um telejornal que seria moderno hoje. Outra sacada dele foi a série Os Detetives, em especial o detetive Columbo, vivido pelo ator Peter Falk. Foi um sucesso estrondoso. A Globo não quis a série.

Em 1973, o publicitário Ernani Behs e Salimen construíram o que hoje chamaríamos de talk show, A Grande Noite. Tinha o patrocínio dos gigantes da publicidade de então, Samrig, Ipiranga e Varig. A coapresentadora era Maria Tereza Druck Bastide. Já o luxuoso cenário estava a cargo do decorador Arthur Guarisse e Sebastião Flores.

Eu era um dos produtores. Ia ao ar sábado de noite. Trazia celebridades e artistas. Na hora da fome, a salvação era a Churrascaria A Muralha, na mesma rua, a Delfino Riet. Foi nela que a iniciante cantora Simone deu uma canja depois de ser entrevistada pelo Ernani, um ser humano de primeira grandeza. E muito divertido.

Em 1978, na agência Publivar,  Salimen foi responsável pela primeira campanha política cientificamente planejada, a que elegeu o empresário calçadista de Campo Bom, Cláudio Strassburguer, desconhecido pelo eleitorado, a deputado federal com estrondosos 210 mil votos. Lá estava eu de novo com o turco. Até hoje há ecos dessa façanha, o número 222 e o slogan “você sabe onde pisa”. Strassburguer foi o primeiro a abrir a estrada da exportação de calçados, trilha aberta pelo ministro da Indústria e Comércio Marcus Vinicius Pratini de Moraes, outra pessoa extraordinária.

Posso garantir que a agência de propaganda Publivar, na rua Senhor dos Passos, seria hoje a empresa melhor para se trabalhar do Brasil inteiro. Não trabalhávamos, nos divertíamos. Até nisso Salimen Jr foi excepcional. Findo o expediente, nos dividíamos no happy hour, mas para forrar o estômago nada melhor que os divinos bolinhos de carne do Hubertu’s, ou jantar no luxuoso restaurante Napoleon ou na Churrascaria Quero Quero, todos na subida da Otávio Rocha. Mas essa já é outra história.

https://www.brde.com.br/

Foto: João Mattos para capa do livro Salimen, Uma História Escrita em Cores 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »