RS – Colcha de retalhos

25 nov • NotasNenhum comentário em RS – Colcha de retalhos

É comum ouvir que os estados de Região Sul tiveram fortes correntes migratórias alemãs e italianas. Não só elas. Falando do Rio Grande do Sul, tivemos também franceses, belgas, austríacos, poloneses, holandeses, (região de Não-Me-Toque), belgas e até de russos, da então chamada Rússia Branca (região de Campina das Missões).

 

https://www.banrisul.com.br/bob/link/bobw02hn_conteudo_detalhe2.aspx?secao_id=3141&utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=cdc_sustentabilidade&utm_content=escala_600x90pxSem falar nos libaneses, que entravam no Brasil com passaporte turco. Por isso eram chamados de turcos ou turquinhos nas comunidades do interior. Para que não pairassem dúvidas, era comum ler na fachada das lojas “Casa Brasil-Libano”. Eram e ainda são hábeis comerciantes. Está no DNA deles, milhares de anos de experiência acumulada.

A alta e a baixa

Na região de São Vendelino, transição do Vale do Caí para a encosta da Serra, conheci a Linha Francesa (baixa e alta) e parte dos polacos. Há uma curiosidade aí. Nesta e em outras regiões montanhosas é comum que a “alta” ficava abaixo da “baixa”.  Nenhuma contradição. É que “alta” se referia às enchentes do rio, alta do nível do rio, e vice-versa.

Cadê o Mathias?

Conheci um russo branco por volta de 1967,  Mathias Schaff. O nome alemão se deve por ser região de fronteira, que pertencia a um ou outro país dependendo da guerra. Ensinou-me algumas comidas típicas, botavam açúcar no tomate e até na massa.

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Era um talentoso desenhista. Fazia obras primas com uma caneta Bic ponta fina, um estilo entre o onírico e o gótico, uma espécie de realismo fantástico. Gostaria de saber por onde anda meu amigo Mathias Schaff.

O azar dos alemães

Com pai nascido na Alemanha, também fui alvo de preconceito. A diferença é que se alguém me chamar de alemão fiadamãe não posso fazer nada. Se processar o autor, vão rir de mim. Algumas minorias são mais  minorias que outras, mesmo que já sejam maiorias.

Coisas nossas

O samba/Prontidão e outras bossas/São nossas coisas/São coisas nossas.

Se atualizado, o samba de Noel Rosa poderia incluir o discurso. É um paradoxo bem brasileiro: quem gosta deles é só quem o faz e quem os detesta são os que os ouvem. Políticos e autoridades em geral os adoram. Quanto maior, melhor, para desespero dos ouvintes.

Tenho a impressão que os discurseiros são o que o povo chama de sem noção. Eles têm que dar o seu torturante recado, que acreditam ser obra de gênio. Alguns copiam os discursos de antigamente, empostando a voz trêmula a ponto tal que parecem estar à beira de um derrame intestinal.

Quem mais trabalha no discurso é a pessoa que cuida do protocolo, enumerar as autoridades presentes que atingem até o ascensorista do prédio. Aí de quem esquecer um. Isso feito, vem o blábláblá mais chato do mundo. A chatice é maior quando é da própria lavra.

Quem sabe fazer discurso é o americano, que geralmente começa contando uma piadinha verídica ou criada pelo seu ghost writter. Contam que o senador Benedito Valadares, que deu seu nome para a cidade mineira, encomendou um que começasse dessa forma. Foi à tribuna, sacou papel equivalente à seis árvores derrubadas e começou a ler. Assim que leu a piadinha, começou a rir.

– Essa é boa, não conhecia.

Particularmente, acho discurso longo crime hediondo, sem direito à fiança.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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