Quem manda em quem

18 ago • NotasNenhum comentário em Quem manda em quem

Há 11 anos, circulava na TV o comercial de uma marca de tubos e conexões que trazia uma mensagem divertida: um casal, acompanhado de um arquiteto, passeia pela fundação da casa em construção. O homem é um sujeito iludido, que vai ditando a função de cada cômodo, enquanto a mulher, com autoridade, vai corrigindo. O arquiteto anota as orientações dela.

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Onde ele quer a sala, ela avisa que será a cozinha. Onde para ele deverá ser o escritório, será o espaço do closet. A tubulação, que pra ele tanto faz, é da marca que ela determina. O recanto do guerreiro, que seria o espaço dos seus sonhos, com mesa de sinuca, chopeira e churrasqueira, será o “quarto da mamãe”. O comentário é do engenheiro Weber Carvalho, da Projeleto.

O  milagre de Santa Rita de Cássia

Por um milagre de Santa Rita de Cássia, a santa dos milagres impossíveis, os dois primeiros debates com candidatos ao Palácio Piratini e ao Senado foram não só tranquilos, mas cheios de civilidade e política de boa vizinhança. No maior respeito, digamos assim, o que em se tratando de debate eleitoral e principalmente entre a gauchada é um milagre e tanto. Mas como já vi boi voar e passarinho mugir, não acredito que essa paz se mantenha ao longo da campanha. Ninguém usa luva de isopor em box eleitoral.

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Mas se a paz permanecer, bueno, então vou acender uma vela para Santa Rita de Cássia. Convém lembrar que milagre, como raio, não cai no mesmo lugar duas vezes. E tampouco ficaria decepcionado se a luta de box passar a usar luvas de ferro. Nem cá, nem acolá. Nosso anormal é normal.

Enquanto a guerra não vem…

Lembro que, antes mesmo da campanha presidencial, Lula e Bolsonaro viviam às turras. Agora, com a pauleira após o início da campanha eleitoral, os dois bicudos não se beijaram como tratarão de jogar o outro para fora do ninho. Se possível, a patadas. Assim se joga o jogo. Eu não torço nem distorço, é uma realidade que acontece desde que me conheço por gente. Embora em outros tempos fossem relativamente mais calmos.

A mineral do Cabeleira

Lembro de um comício em Montenegro dos anos 1960 – em que um candidato a deputado federal montou um palanque na praça para o comício final. No microfone ligado, o candidato de nome Jorge pediu ao tipo popular da cidade, o Cabeleira, que fosse buscar água mineral no Café Central. Ele foi num pé e voltou no outro. Subiu no palanque e se aproximou do microfone.       

– Olhe, eles disseram que, enquanto o senhor não pagar o que deve no café, não venderiam mais nada fiado. Lá se foi uma reputação, que já não era muito sólida.

Assim é e será

O padre Antonio Thomaz é considerado o Príncipe dos Poetas Cearenses, tal a excelência da sua obra poética. Morreu em 1941, amargurado com o desprezo da Igreja Católica que o recriminava por escrever sonetos sobre coisas tão comuns, como meretrizes e palhaços. No meu entendimento, foi um gênio poético. O soneto Contrastes é o melhor resumo da vida de todos nós da infância até a velhice, esperanças e desesperanças. Confira:

Quando partimos no verdor dos anos,
Da vida pela estrada florescente,
As esperanças vão conosco à frente,
E vão ficando atrás os desenganos.

Rindo e cantando, célebres, ufanos,
Vamos marchando descuidosamente;
Eis que chega a velhice, de repente,
Desfazendo ilusões, matando enganos.

Então, nós enxergamos claramente
Como a existência é rápida e falaz,
E vemos que sucede, exatamente,

O contrário dos tempos de rapaz:
– Os desenganos vão conosco à frente,
E as esperanças vão ficando atrás.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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