Psicologia da xerox

14 jul • NotasNenhum comentário em Psicologia da xerox

Sempre me surpreendo com a facilidade com que veteranos visitantes das redes e no mundo da web caem fácil no golpe das fake news, inclusive a gurizada. Desde que deixei o mundo analógico e mecânico para trabalhar com o digital, passei a observar, com cuidado, como as mensagens chegavam e como elas podiam ser falsas.

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Modéstia à parte, acumulei um bocado de horas de voo em friagens e às cheiro de longe. Vejo nos poucos grupos do WhatsApp que faço parte, às vezes arrependido de ter entrado ou alguém ter me posto neles na marra, como eles caem nessas esparrelas.

Tubarões no Saara

Há alguns truques primários para fake news. Por exemplo, algum vídeo mostrando que apareceu um tubarão no deserto do Saara. Parto do princípio que, se fosse verdade, toda a mídia estaria comentando o assunto.

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De resto, é sabido que, desde 2017, há uma ferramenta algorítmica que permite alterar ou sobrepor imagens e áudios. Ocorre que a origem das fake, ou melhor, no acreditar nelas, o cérebro humano faz uma curiosa manobra para convencer o consciente do que o falso é verdadeiro e vice-versa., e esse ardil mental vem de muito antes da internet. Explico.

Mistérios da cabecinha

Nos anos 1970 e 1980, especialmente nesta última, as cópias xerox com informações verdadeiras e outras nem tanto abundavam nas redações dos jornais. O sujeito mandava uma xerox mostrando algum fato inusitado ou comprometedor para quem nela figurasse, como denúncias de corrupção e outros malfeitos.

A tendência era acreditar na xerox, talvez porque era coisa moderna que substituía, com vantagem, as antigas fotocópias, muito usadas para obter documentos ou empregos. Em síntese, após quase duas décadas de observação com o que eu chamo de olhar com olhos de olhar, a tendência era você acreditar nelas e não no original.

Se alguém tivesse a certidão de nascimento original de Dom Pedro I, o receptor tendia a achar que era falsificação. Ao contrário, se o mesmo documento raro fosse cópia xerox, tendia-se a acreditar que ele era verdadeiro.

Testei isso várias vezes com, claro, outros documentos ou textos, dezenas e dezenas de vezes, e o resultado ante à pergunta qual deles seria falso sempre recaía no original. O que a cabeça delas fazia para acreditar na xerox é algo que tenho minha teoria. Mas não cabe aqui me estender no assunto.

A linguiça de ar

O que nos leva à gente falsa e gente verdadeira. Digamos uma vasta gama que vai de vendedores a políticos, meus preferidos para testes de falsidade. Há uma notável insinceridade na maioria das falas e discursos ou entrevistas.

Como a falta à verdade e as vãs promessas ou simplesmente o falatório que enche linguiça de ar é comum na categoria. Eles são treinados para manobrar o povo, e fazê-lo acreditar em mula sem cabeça. Os mais espertos imprimem tal sinceridade nas falas que convenceriam até a mãe deles que existem cédulas de 30 reais.

A cigana me enganou

Há alguns mecanismos para identificá-los, mas o que os trai é a linguagem corporal. Entretanto, para interpretá-la, você tem que ter esse dom, às vezes inconsciente.

Caso das ciganas que “lêem” a sorte na palma da mão. Por acúmulo de DNA de tradução da linguagem corporal por gerações e gerações, sabem se você está deprimido, com algum problema de saúde ou males de amor. Então os “lidos” se surpreendem como a cigana acertou. Pessoas sensitivas é como chamamos que têm essa capacidade.

Alguns acham que é dom divino. Desconfiados como eu, acham que é um dom sim. Mas dentro de uma verdade que repito sempre: tudo é natural, inclusive o sobrenatural.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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