Procura-se quem ria

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 Já faz tempo que não se ri mais, pelo menos no Rio Grande do Sul. Perdeu-se o dom da risada e perdeu-se o senso de humor. Quem os achou favor entregar na portaria da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Não me parece culpa da pandemia, não agora.

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A falta de humor era uma exclusividade da esquerda. Desde os anos 1990, as fotos nos santinhos dos candidatos do PT e de outros partidos de esquerda pareciam convite para enterro. Só em meados dos anos 2000 que eles passaram a ostentar faces risonhas na propaganda oficial e nos santinhos, a começar por Lula.

Historicamente, a esquerda é mal-humorada, internacionalmente. Essa máscara de sisudez a acompanhou durante todo o século XX. Tem a ver com revolta por injustiças, inclusive deles como pessoas físicas. Afora a diretoria, os apóstolos, os outros não deram certo por um motivo ou outro. Então, o culpado é o mundo capitalista.

A terra da carranca

Hoje, quem lidera a Terra dos Carrancudos, dos sem-humor, são os jornais. Quando as finanças não vão bem, perde-se a vontade de rir. Reparem nas charges, quase todas carregadas de meu humor. A CPI da vacina cristalizou essa deficiência.  Até os anos 1990, parte considerável dos periódicos mantinha seções de humor, colunistas pintavam seus textos com as cores da leveza com o pincel da jovialidade. Sumiram.

De forma que estamos em plena era do mau humor. Nem rir sozinho se ri mais.

Uma história adocicada

Certa vez, dei para cortar todo o açúcar. Ainda se bebia cafezinho com ele, adoçantes passaram a tomar seu lugar. Só que eu cortei pra valer. Nem comia mais doces e geleias. E isso que meu açúcar é baixo. Por mais que eu empurre doçuras. Aconteceu que dei para ficar casmurro, com leves traços de depressão. Que diabos, pensei, será que é o adoçante?

Certo dia, dos anos 1990, estava na cafeteria de um shopping e pedi um dos tantos cafezinhos diários. Como não havia adoçante, fui de açúcar mesmo. Vocês não vão acreditar. Em minutos, senti-me pra cima. Depois caiu a ficha. Há tratados sobre a influência do açúcar no humor das gentes, soube depois.

A Ordem do Cabide

Faz mal, dizem. Tudo faz mal. Ainda vão teimar que água faz mal para a saúde. Comida é veneno, sabemos todos por ordem dos radicais da Ordem do Cabide. Felizmente, algumas coisas boas da vida foram reavaliadas, como o ovo e a gordura de porco.

Ocorreu-me uma coisa. Será que esse exército de mal-humorados deixou de consumir açúcar ao mesmo tempo?

Bom jour tristesse

Nos anos 1960, era moda, entre a intelectualidade, cultivar a tristeza, influência da literatura e do cinema europeu, o francês em especial. Não se usava a palavra depressão, dizia-se “estou em crise”. Ou, “estou na fossa”. Pelo menos metade, de propósito.

Pontal shopping

A mais nova e fulgurante atração da cidade, o Pontal Shopping, tem financiamento de R$ 50 milhões do BRDE e outros R$ 50 milhões do Banrisul. Essa é a cidade que eu gosto, a que concorda com seu sobrenome.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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