Praiana, Matheus & Cia

8 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em Praiana, Matheus & Cia

Até os anos 1960, eram relativamente poucas as pessoas que almoçavam fora, a maioria ainda podia almoçar em casa e voltar ao trabalho de ônibus ou bonde. O Centro era o imã que atraía empregos, na área mais central de Porto Alegre havia bons restaurantes e churrascarias.

Mas, no que hoje chamamos de bufê, duas casas se sobressaíam, a Praiana e o Matheus, este defronte à Praça da Alfândega, cujo dono era chamado de Kid Berloque, pelo uso de correntes e anéis. Teoricamente, era para ser a quilo. Mas para os fiéis era no olho mesmo. Uma gorjetinha eliminava a balança.

Além de lanches históricos como sanduíche de pernil e um cachorro-quente vindo do Paraíso, restavam a comida de verdade, arroz, feijão, massa, alguma carne ou bife e salada. Para beber, Charrua ou Minuano Limão, Pepsi Cola (a Coca perdia de goleada para a Pepsi) e um copo grande de leite gelado. Sim, bebia-se leite nas refeições.

A Praiana ficava um pouco adiante, quase esquina General Câmara, que todos chamavam de Ladeira. No meio da quadra havia o cartório de protestos, então, de quem tinha título protestado se dizia que subiu a Ladeira.

A Praiana disponibiliza mais cadeiras junto aos balcões, sentava-se lado a lado. O bife à milanesa e a massa eram muito bons. Se era macio? Sim, desde que passassem um rolo compressor em cima dele várias vezes. Quando você passava do PF de pé sujo para um dos dois restaurantes citados, era sinal de que havia subido na vida e no salário.

Quase ao lado da Praiana, a Churrascaria Capri oferecia a chuleta a Osvaldo Aranha, criação do próprio, com farofa. Adiante, na Acylino de Carvalho, reinava a Spaghettilândia. Já não era para o bico do pobre, mas para profissionais liberais nela e em outras casas era costume beber um copo de vinho, de preferência um clarete, vinho tinto leve, uma cor que brigava com tinto e o rosê. O tinto ganhava.

Para os pelados, a volta do Mercado Público. Mas essa já é outra história.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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