Perigo eletrônico
O TSE vai testar em setembro o uso de smartphones para votar, um caminho sem volta, na minha opinião. Mas será um perigo. Toda engenhoca eletrônica embute caminho para a fraude, outro caminho sem volta. Se somarmos todas as fraudes e golpes antes do tempo cibernético, provavelmente serão em número menor que nestes 30 anos de ditadura internetiana.
Imagem: Freepik
EU NĀO SOU NINGUÉM
É um paradoxo. Quanto mais criam tecnologia, mais surgem formas de surripiar a grana de alguém. Para mim e jornalistas veteranos, o voto biométrico já é um embaraço. Com o manuseio de papéis durante toda a vida, perdi minhas digitais. O papel é abrasivo barbaridade. Renovar a CNH, Carteira de Identidade ou tirar dinheiro em caixa eletrônico, não mesmo.
Em compensação, se eu quisesse roubar dinheiro de um banco não precisaria usar luvas. Eu não sou ninguém, lembram? Pena que não tenho essa vocação. Deus dá nozes a quem não tem dentes.
GÊNIOS DA VIGARICE
Nem isso não se faz mais como antigamente. Entre os campeões está um certo Victor Lustig. Vendeu a Torre Eiffel duas vezes e conseguiu que Al Capone comprasse 50 mil ações falsas dele.
MAIS UMA…
…reforma foi pro saco. A tributária gaúcha. Em âmbito nacional, nenhuma delas foi aprovada sem cortes que as deixaram mutiladas. Aliás, a própria Constituição brasileira é uma colcha de retalhos. Só prevê diretos sem deveres. Deveria se chamar não de Cidadão, como a batizou Ulysses Guimarães, mas de Carta da Barretada Com Chapéu Alheio.
Quando foi sancionada, José Sarney disse que ela tornaria o Brasil ingovernável. O autor de Marimbondos de Fogo podia ser muita coisa, mas nunca lhe faltou a perspicácia.
O SETE DE SETEMBRO
Havia algumas coisas sagradas nos anos 1950. Não rir nem ouvir música que não fosse clássica na Sexta-Feira Santa e assistir, ou marchar no Sete de Setembro eram algumas. Por pequenas que fossem, as cidades do interior – como Montenegro, na foto – caprichavam no desfile, sapatos ou tênis novos, escoteiros à frente.
Postada na lateral, a banda da Brigada Militar tocava hinos marciais. A BM era chamada de Briosa, e a banda de Furiosa.
No meu tempo, mais adiante, o maestro era o sargento Domingão. O quartel de Montenegro sediava o Quinto Batalhão de Caçadores. Não se dormia nas noites anteriores ao dia 7.
Foto: Acervo Eni Viegas Colling