Pelé, um gênio maltratado
Agora, todos enchem a boca para elogiar o nosso craque maior, bem diferente de quando ele estava no auge e chegou a ser ridicularizado pela imprensa.
Nos anos 1970, quando fizeram um jogo no Maracanã para que ele fizesse o gol 1.000 – acabou só batendo um pênalti meio inventado – Pelé deu a volta no campo chorando, emocionado. Quando dúzias de microfones se aproximaram da sua boca, Pelé repetia a frase “lembrem-se das criancinhas”, alusão a sua infância pobre, dele e de milhões de criancinhas como ele.
Caíram de pau no cara, dizendo que era pieguice, que nem conseguiu fazer o gol 1.000 direito e por aí afora. Como é sabido, quem faz sucesso neste país é massacrado por corneteiros que nunca fizeram algo que preste para a sociedade.
Agora, todos choram sua perda. Como escreveu Machado de Assis, “está morto, podemos falar bem dele à vontade”.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
