Passado saudoso, presente doloroso
Para quem viveu na Porto Alegre dos anos 1950 e 1960, a lembrança de uma cidade amável e repleta de prédios antigos, construídos com requintes de beleza não pode deixar de ser melancólica com o que se vê hoje. Sim, eu, sei, é o progresso, era inevitável. Mas me digam uma coisa: por que Montevidéu, que fica aqui do lado, preservou seus prédios históricos?
A dor de uma saudade
Recordo que, já na época, eu temia a destruição das belas casas da Independência, da Mostardeiro e de outras ruas, inclusive as do Centro Histórico. Observem o lamentável estado da outrora Confeitaria Rocco, na rua Riachuelo. Os casarões da Duque de Caxias viraram pó e caliça. Eu morei no Alto da Bronze e também morei numa pensão da descida da Mostardeiro. Sei onde a saudade aperta.
O assassinato do azulejo
Um amigo, já falecido, herdou uma casa antiga na Duque, com parede externa maravilhosamente decorada com azulejos portugueses. Um dia ele contou que vendera o imóvel para uma construtora. Embora tombada, veio abaixo e ficou tudo por isso mesmo.
O caos sem conserto
Já falei aqui, nos anos 1980, um fórum mundial de urbanistas concluiu que uma cidade só é administrável até 700 mil habitantes. Depois é tentar administrar o caos. Hoje, temos 1,5 milhão. Enquanto nos reproduzimos como coelhos, mesmo tendo diminuído o ritmo, não tem como ver um futuro bom.
O flores da do doutor
Na frente do meu prédio, havia a mansão de um médico famoso, casa com um vasto jardim cheio de frondosas árvores. Deu lugar a um prédio, como todos os outros. Passando na frente dele no verão, dava para sentir a mudança para menos na temperatura.
Conceito cerveja
O que mais me incomoda é a falta de criatividade dos novos prédios. Quase todos são caixotes. Observem as construções do novo bairro nas imediações do Iguatemi. Lembram os engradados de cerveja de antigamente.
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