Palavras baratas

10 jun • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Palavras baratas

As palavras são um insumo barato na lavoura da escrita. Por isso mesmo, utilizadas de forma leviana; neste país de pouca cultura e memória, menor ainda. Sempre recordo do jornalista Ivan Lessa, que nos idos anos 1970 registrou uma notável observação: de 15 em 15 anos o Brasil esquece os últimos 15 anos. Se a memória já andava ruim naqueles tempos, imagina hoje.

É ASSIM, Ó…

É conhecida nossa incapacidade de definição, defeito estrutural agravado pela má condução, falha que vem dos bancos escolares. Peça para alguém definir “água” ou “vento”. Sai de tudo. “Água…é assim ó, uma coisa líquida que…bem…serve para beber e lavar…” e por aí vai.  Peça para alguém, pode ser um jornalista, que defina nazismo e fascismo. Pergunte também se a Alemanha de Hitler era socialista.

O perguntado certamente ficará indignado, ora onde já se viu nazismo socialista. Pois foi o caso. O partido que dava suporte ideológico ao regime chamava-se Partido Nacional-Socialista. Dito assim, até Mao Tse Tung assinaria embaixo. Ele e o Jose, sobrenome Stalin.

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Por tudo isso, quando algum irado chamar o regime brasileiro de nazista ou fascista faça como is americanos : defina nazismo e fascismo primeiro. “É assim ó, um regime…como direi…de extrema direita que…bem…” e paramos por aí.

Ó QUE DELÍCIA DE GUERRA

Uma infectologista da OMS afirmou em entrevista que é difícil e “raro” um infectado assintomático passar a doença para outra pessoa. Os especialistas ficaram indignados, mas onde já se viu? Onde já se viu, perguntamos eu e milhões de pessoas que foram doutrinados no sentido oposto.

BAILAMOS NA CURVA

In dubio pro réu, já diziam os romanos. Se faltam provas para um também faltam provas para o oposto. De falta de prova em falta de prova, estamos hoje mais confusos que nas primeiras semanas da pandemia. O vírus malvado com jeito de fruta de mamona se agarrava aos humanos até por sinal de satélite e conversa de celular, mesmo que o falante estivesse  do outro lado do mundo. Muda o sentido para a curva Daquele Que Já Foi Ducha.

A.V.

Ou Antes do Vírus, que marca uma nova era que termina como antes e depois de Cristo, por esta época os jornais de Porto Alegre destacavam, ano após ano, que as emergências e UTI’s estavam superlotadas assim que chegassem o frio e a umidade. Era batata, assim como idoso pegar pneumonia e adultos terem complicações devido a uma gripe “mal curada”, apesar dos médicos dizerem que o termo era inexato.

BARRIGA DE COBRA

O Rio Grande do Sul enfrentou uma seca danada que durou  cinco meses. A umidade relativa do ar estava tão baixa que barriga de cobra. De duas semanas para cá, as chuvas voltaram, e com elas o frio e umidade alta.

Aumentaram os casos do covid-19, claro. Mas esse aumento foi creditado à ruptura do isolamento. A TFP – Tradição, Família e Pandemia, acha que não erra. É o mesmo que a infalibilidade papal.

Se os papas não erram, os Bórgia estavam certos?

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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