• O erro do cavalo

    Publicado por: • 31 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    Em tempos antigos, vivia-se melhor, no sentido de menos sustos mundiais e locais. O preço da instantaneidade da informação cobra um preço alto. Um espirro no Alasca retumba na Patagônia instantes depois. O estresse é como cafezinho, toma-se um por dia pelo menos. Ah, mas eu preciso estar bem informado, dirão vocês. Para jornalistas por exemplo é. Mas com o tempo você gostaria de menos carga no seu já congestionado cérebro.

    Na minha meninice, eu esperava com ansiedade a chegada do ônibus do seu Curt, que trazia o Correio do Povo no fim da tarde. Então eu era feliz. Deitava de bruços no chão e abria o jornalão, que era estandart e não tabloide como hoje. Lia avidamente notícias sobre fatos acontecidos dias e até semanas atrás. Minha memória é muito boa, imagens cristalizadas daquele tempo tenho até hoje. Lembro até que fiquei espantado com uma nova guerra, a da Coreia, que começou em 1950 e terminou com armistício em 1954.

    Não entendia exatamente o que se passava. Sabia apenas que eram americanos contra os comunistas. Do noticiário político não entendia lhufas. De economia, idem. Mas eu lia tudo. Aliás, as Editorias de Economia só foram  criadas no início dos anos 1970 no vácuo do noticiário político, que ficou muito reduzido, vocês sabem o motivo.

    Enfim,  a velocidade do comboio era bem menor. Ao ver o primeiro trem já no fim da vida, o Thomas Jefferson, que odiava a pressa, teria se virado para um contemporâneo e dito a seguinte frase.

    – O cavalo já foi um erro.

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  • É impressionante como este país se autoferra.

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  • Diário da Peste

    Publicado por: • 31 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O BRASIL deve ser o único país do mundo a não pegar junto nesse grave momento, que exige pelo menos uma trégua, provisória que seja. Um grita mata e o outro esfola. Da esquerda não surpreende, afinal é da índole dela o quanto pior, melhor. Mas não só ela que não está nem aí.

    POR ISSO que este país não vai a lugar nenhum, salvo para trás. Estamos montando um prato para o cardápio do Restaurante Brasil que nem mesmo um faquir comeria, mesmo  depois de um ano de jejum.

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    Tem de tudo temperado com fake News que o povo acredita urrando “Repassem sem dó”.

    PARECE o filme Todo Mundo em Pânico em sessão dupla com o Deu a Louca no Mundo. Decretos são emitidos de noite e revogados de madrugada. Prefeitos e governadores saem da estupefação para depois decorar o que os especialistas disseram para entrevistas na TV e rádio.

    ENTREMENTES, em casa ninguém mais sabe em quem acreditar. Uns falam em curva descendente do CV (enchi o saco de escrever coronavírus, está na hora de um apelido curto), outra hora em que o povo nem chegou, enquanto a China fala em rebote, e o Trump fala em um mês. Nesse meio tempo, quebramos. E nem mesmo podemos explicar a ronha para nossos filhos porque um fala A e outro dispara um B.

    TENHO uma convicção: Se Tancredo Neves fosse atendido pelo SUS não teria morrido. Lembrem as imagens daquela época. Tancredo sentado visivelmente abatido e um monte de papagaios de pirata cercando o presidente.

    HOJE até os estetoscópios sabem que faltam médicos generalistas, os médicos de família de outrora. Todos eles se especializaram em alguma doença. Se você quebrar uma perna dentro de um consultório médico ele não saberá o que fazer. De osso ele só tem vaga lembrança de ouvir falar na faculdade. Quero deixar claro que não são todos, sendo que uma parte vai além da sua especialidade. Enfim, refiro-me à Síndrome de Tancredo.

    DARIA tudo o que sei por metade do que que não sei, já disse René Descartes. Mas isso foi antes dos comentaristas de televisão. Fosse hoje, o francês diria “nada sei”.

    PREFEITO de Gramado, Fedoca Bertolucci, vai permitir o funcionamento parcial da economia do município, depois de ouvir até o Hospital São Miguel da cidade. Justificou dizendo que todo dia vem alguma nova informação da saúde que o leva a rever suas posições. Poderia ter dito “durma-se com um barulho desses”.

    POR QUE ninguém lembrou do teatro do absurdo de Ionesco? Nem da barata de Franz Kafka?

    A EXPRESSÃO mais ausente nesses tempos é “Boa viagem”. A não ser de uma peça para outra da casa.

    O BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) encerrou 2019 com resultado histórico. As operações totalizaram R$ 2,47 bilhões que, somados às contrapartidas dos próprios empreendedores, viabilizaram investimentos de R$ 2,9 bilhões na Região Sul. “O lucro líquido apurado pelo BRDE é o maior da história do banco, totalizando R$ 278 milhões – crescimento de 55,7% em relação a 2018”, informa o diretor presidente Marcelo Haendchen Dutra. Ele explica que esse resultado é fruto do excelente desempenho operacional, acompanhado por redução de despesas administrativas.

    O BANCO anunciou a criação de um programa de apoio aos empreendedores do Sul do Brasil, hoje impactados pela pandemia de coronavírus. Com o Programa Recupera Sul, o BRDE vai injetar mais de R$ 1,3 bilhão na economia do RS, SC e PR ao longo de 2020. “O BRDE é um banco de desenvolvimento e, para que cumpra seu papel, é necessário que forneça crédito emergencial, com condições de financiamento diferenciadas. Ainda mais em um momento de extrema necessidade como este”, assegura Dutra.

    QUAL será o futuro da CONTABILIDADE e, principalmente, como o contador pode driblar sua “extinção” diante da tecnologia. É um artigo bem interessante da Fernanda Rocha. Está publicado ali abaixo:

    Pensamento do Dias

    Se nem governo nem oposição, como pedir que o povo o tenha?

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  • A noite dos ventos uivantes

    Publicado por: • 30 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    Um dos medos da minha adolescência foi o cinema. Filmes de terror não chegavam nem perto desses filmes de cirurgia sem anestesia, mas como era uma sensação nova, até filme de terror muquirana me deixava apavorado.

    Lembro do Monstro do Ártico, filme preto e branco que teve refilmagem. Mas na época, anos 1950, aquele ser disforme, que só apareceu no final deixava de cabelos em pé.

    Foi então que descobri que o terror não mostrado podia ser pior que o mostrado. Como Os Inocentes, que me deixou na posição de olhar só com um olho e o outro tapado. E nem se passava nas sombras da noites, era de dia mesmo. E adaptação do livro A Outra Volta do Parafuso.

    Em matéria de terror explícito, Drácula me pegou pelo cangote. Eu orava a Álvaro Chaves e o cinema era o Orpheu.

    Pior, segunda sessão, noite de ventos uivantes e ninguém nas ruas.

    Rapaz, você não tem ideia do que foi sair na rua Benjamin Constant e caminhar sete quadras nestas circunstâncias. Qualquer barulho de papelão ou lata arrastado pelo vento na rua parecia que dois dentes e uma boca sedenta está a centímetros da minha nuca.

    Quando finalmente cheguei em casa, nunca um  cobertor cobrindo minha cabeça foi tão bem-vindo.

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  • Quarentena, que isso?

    Publicado por: • 30 mar • Publicado em: Caso do Dia

    pessoas desrespeitam a quarentena por causa do coronavírus covid-19 foto de JOão MATTOS

    Em Porto Alegre, o fotógrafo João Mattos flagrou as pessoas curtindo a Orla no sábado, em plena quarentena por causa do coronavírus.

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