• O cartão no Mercado

    Publicado por: • 2 maio • Publicado em: Caso do Dia

     A Prefeitura de Porto Alegre irá ampliar os testes para pagamento de tarifa de ônibus e lotação com cartões de crédito, débito e pré-pago. Boa, mas lembro um detalhes: apenas cerca de 18% dos passageiros pagam em dinheiro (no caso dos ônibus). O resto ou é isento ou paga com vale-transporte, que é fornecido pelo empregador.

     O Rio Grande do Sul, em especial Porto Alegre, são avessos a novidades, vocês sabem. Por isso, a Capital era escolhida para testar novos produtos de consumo. Aprovou aqui e em Curitiba, aprova no resto do país. É por isso que levei, não digo um choque, mas um ”O!” de admiração quando fui ao Mercado Modelo de Salvador em 1990. Eu e um amigo baiano entramos num bar tipo pé-sujo – ele foi comprar cigarros – serragem no chão, boteco simples e simpático, desses de beber cachaça e cerveja e deu. Relanceio os olhos e o que vejo do lado do caixa?

     A lista dos cartões de crédito que a casa aceitava. Todos. Inclusive o American Express, que não costuma ser aceito mesmo em algumas lojas grandes. Isso em 1990, reforço. Foi aí que entendi de vez a grande diferença entre nós e os nordestinos em geral. Eles sabem como trazer dinheiro, mesmo que não seja à vista.

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  • Os esquecidos

    Publicado por: • 2 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

     Antes de 1964, prendiam os comunistas e subversivos a toda hora. Como no filme Casablanca, os suspeitos eram os de sempre. O jornalista João Baptista Aveline era um deles. Qualquer rolo, lá ia ele em cana. O suspeito de sempre. Certa noite, ele e outros comunistas foram presos pelo Dops, a polícia política. Hora do depoimento. O delegado começou com Aveline, seu velho conhecido de tantas prisões. O escrivão botou papel na máquina de escrever, dedos no teclado.

     – Nome?

     – Não sei – disse o Aveline, marcando bem o “não”.

     O delegado suspirou.

     – Para com isso, Aveline, eu preciso dos teus dados, nome, nome dos pais, essas coisas para teu depoimento. Diz logo para a gente dormir de uma vez, caramba! De novo: nome?

     – Não sei.

     – Nome dos pais?

     O policial ficou uma arara, mas não teve jeito. Vinha a pergunta e a resposta era sempre a mesma.

     – Não sei.

     – Aveline, se tu não me diz teus dados e filiação vou ter que encontrar duas testemunhas, até achar, até …meu Deus, te deste conta que vamos sair daqui de madrugada? Me dá teu nome antes que eu te mande pro raio que o parta!

     – Nãããão sei.

     Alta madrugada e todos presos na burocracia dos depoimentos, o delegado com um beiço que ia do prédio do Dops, na avenida Mauá, até o Cais do Porto porque perdeu um jantar. E o comunista Aveline ali bem sentadinho, displicente, assobiando ou olhando para o teto. De repente, ficou apertado, precisava urinar. Jogou o corpo para a frente.

     – Delegado, onde é mesmo o banheiro que esqueci?

     O delegado abriu um largo sorriso.

     – Não sei.

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  • Não há meias verdades.

    • Ator Johnny Depp •

  • A dúvida

    Publicado por: • 2 maio • Publicado em: Notas

     Dizem que as centrais sindicais pensam em fazer nova greve, desta vez de 48 horas. Aplaudo. É o caminho mais curto para ela dar errado. Não só pela duração. Nunca saberemos se houve greve, porque não deixaram as pessoas sairem de casa. Foi um sucesso dos piquetes, isto sim. Ou por acaso a televisão mostrou bandeiras com os dizeres “estou de greve” nos prédios e casas?

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  • A louca cavalgada

    Publicado por: • 2 maio • Publicado em: Notas

     Do poeta pernambucano Ascenso Ferreira, no poema O Gaúcho; “Riscando os cavalos!/Tinindo as esporas!/Través das coxilhas!/Saí de meus pagos em louca arrancada!/— Pra quê?/— Pra nada!”.

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