• Velho é quem para de trabalhar.

    • F. A •

  • Moscou, inverno de 1950.

    Publicado por: • 20 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

    Devastada pela II Guerra Mundial e piorada pelos erros do regime comunista, a URSS enfrenta uma fome daquelas. Numa noite fechada de dezembro, neve para mais de metro em Moscou, a fila do pão é enorme, esperando a abertura da padaria, às 8h da manhã.

     Aparece um jipe do Exército Vermelho. Desembarca um oficial que grita:

     – Judeus saiam da fila.

     Surpresos, os judeus saem da fila do pão e somem na noite fria. Neva mais forte. O jipe parte.

     Quinze minutos depois, o jipe volta. Desce o oficial:

    – Quem não lutou na revolução de 1917 fora da fila.

    Outros russos somem na noite. E a neve não para de cair. O jipe vai embora e volta em mais 15 minutos. O mesmo oficial desce e grita:

    – Quem não combateu na Grande Guerra Patriótica, fora.

    Mais um grupo cai de banda na noite escura. E a neve aperta. O jipe sai ligeiro e volta em 15 minutos O oficial a grita:

    – Quem não for membro com carteira do Partido Comunista da União Soviética, fora da fila. Os outros ficam aqui.

    Some mais gente. Neva muito, sopra um vento capaz de levantar elefantes. O oficial chama os restantes, nada mais de que seis moscovitas e diz:

    – Camaradas, vocês são do partido, então posso falar. Na verdade, não há pão. Nem quem faça o pão. E também não tem farinha, a safra de trigo foi um desastre. Sinto muito. Esta é a verdade. Alguma pergunta?

      Aí, um moscotiva baixinho, enfiado num capote, chapéu de pele, luvas, ergue a mão:

    – O camarada oficial permite uma pergunta?

    O milico faz que “sim” com a cabeça:

    – Camarada, tudo bem, nós entendemos a situação, Mas, por que mandaram os judeus embora primeiro?

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  • Descriminalização do aborto

    Publicado por: • 19 ago • Publicado em: Caso do Dia, Notas

     A população brasileira vem acompanhando, com bastante interesse, os debates sobre a descriminalização do aborto. O Supremo Tribunal Federal realizou audiência pública para tratar do tema da arguição do descumprimento de preceito fundamental questionada pelo PSOL, que quer que as mulheres tenham direito de interromper voluntariamente a gravidez até a 12ª semana de gestação.

    Invasão de poderes

    O deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS) alertou que “a Constituição Federal define a competência de cada um dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário”. Ele chama atenção que quando um poder procura usurpar a competência do outro, fragiliza a democracia. “Não acredito que o STF insista nesta questão, porque cabe ao Poder Legislativo a competência de legislar”, assinalou o parlamentar.

    Jornal do Comércio

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  • O brasileiro e os livros

    Publicado por: • 18 ago • Publicado em: Artigos

    Artigo do escritor Roosevelt Colini
    www.rcolini.com.br

    Brasil e a sua inaptidão para os livros

    Em um país por fazer, talvez o perigo mais alarmante seja a inaptidão para os livros.

    Uma professora estadual de escola com público extremamente carente e problemático me contou uma ótima história.

    Ela foi orientada pela direção da escola, que por sua vez retransmitiu uma ordem do governo, de conversar com as crianças das primeiras séries sobre a importância de ler e escrever. A ideia era falar sobre o encantamento das histórias, a igualdade social, conquistas afetivas e oportunidades infinitas que teriam no mundo fraterno. Tatibitate.

    A professora decidiu fazer a atividade do seu jeito. Foi rápida. Perguntou às crianças se elas tinham ideia do motivo pelo qual precisavam ler e escrever. Deixou alguns se manifestarem e devolveu:

    – É para que ninguém engane vocês.

    Ou encaramos essa resposta primordial, ou ficamos com as mistificações desonestas adotadas por farsantes que dirigem secretarias de ensino, empossados por governantes que não dão a mínima para a educação e dela conhecem tanto quanto a maioria de nós conhecemos partículas atômicas tipo Bóson de Higgs.

    Aquela professora (e muitas outras), são quem, a duras penas, mantém sua honestidade intelectual e consideram seu papel com maior responsabilidade do que seus altos chefes. Dirigentes, aliás, que jamais encararam uma sala de aula nem lidaram com essa meninada que está começando no mundo. Os alarmantes índices de analfabetismo funcional são os fatos que derrubam qualquer demagogia em contrário.

    O medo de encarar o papel da transmissão da cultura como uma das principais missões dos adultos se reflete na covardia de uma geração que acredita no autoengendramento, lavam as mãos, nivelam o desigual e deixam crianças decidirem aquilo que deveria ser decidido por adultos. Essa gente considera um ato de violência que crianças e jovens sejam obrigados a ler um livro que não tenham escolhido espontaneamente. Esses meninos, coitados, vão pagar o preço quando encararem o desafio da disputa diante de quem cursou escolas privadas de elite. Igualdade de oportunidade sem igualdade no ferramental é falácia para a gente delirar com um mundo melhor.

    Há alguns anos, um professor e filósofo brasileiro comentou que, quando ele se inscreveu em um instituto público para o segundo grau, teve que fazer um exame de admissão. A redação tinha que ser escrita em francês, com base em um trecho de Durkheim… Em francês! Foi nos anos sessenta. As avós e bisavós lembram que o pau comia no “ginasial”. Tinha francês no currículo e não tinha moleza nem multimídia.

    Eu me senti uma pulga quando li sobre essa história do Durkheim. E olha que, no ensino básico público, eu já havia lido Machado, Guimarães e Euclides. No segundo grau introduziam textos de filosofia, nada fáceis. Enfim: lemos porque nos obrigaram. Não arrancou pedaço de ninguém nem provocou traumas para o divã.

    Tudo aquilo que construímos, equilibrado na balança da civilização e barbárie, é obra de transmissão do conhecimento cujo objeto sagrado são os livros.

    Do pergaminho ao e-book, a liberdade sem conhecimento não é liberdade: é ilusão produzida pela conveniência. Nem que seja para concluirmos que não há liberdade, somente poderemos descobrir isso através da vital precedência dos livros.

    Não existe uma teoria da conspiração de elites maquiavélicas que desinvestem em educação para impor modelos de ilusão conformista e dominação. Não se trata disso; mas existe de fato um impasse provocado pelo esvaziamento das paixões políticas e pela falta de interesse pelo conhecimento e liberdade. Mario Vargas Llosa, em A Civilização do Espetáculo, joga a toalha e considera que a cultura foi para o saco. Para ele, já era. Nos dirigimos rumo a um futuro besta e estúpido.

    Prefiro não pensar dessa forma. Redes sociais trouxeram para a escrita cotidiana uma multidão inédita de pessoas que escrevem algumas linhas por dia. Herdeiros do descalabro educacional, muitos atropelam a gramática e o raciocínio. Debatem com faca na mão. Talvez seja o preço da novidade. Mas é cedo; esse troço é recente.

    Um dia, quem sabe breve, nos daremos conta dos desacertos da vida e iremos nos perguntar, como fez um francês lá longe, no meio de 1500, sobre o sentido da desigualdade, ou, como ensinou um espanhol, olharemos para dentro de nós mesmos e de nossos sonhos, ou perderemos o fôlego com o inglês das paixões e das tormentas. Só vamos encontrar isso nos livros. Tudo bem: filmes também; mas a imagem é escrava do texto, ainda que seja em um filme sem palavras como Powaqqatsi.

    O pior inimigo de cada um de nós não é a tecnologia, embora estudos aparentemente sérios mostrem que os celulares estão alterando o processamento do cérebro, detonando nossa capacidade de concentração e nos transformando em seres mais limitados do que aqueles que nos precederam (e cuja formação foi feita através dos livros).

    O pior inimigo é um sistema educacional que não valoriza os livros e não cumpre o papel de transmitir a cultura para as crianças. Transmitir sem medo, sabendo que os alunos não são adultos: precisam de nós para chegar lá um dia. Que tipo de adultos serão e que país construirão? Depende dos livros. É simples assim.

    – Para que ninguém os engane.

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  • Não falem nele!

    Publicado por: • 17 ago • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O PT Nacional está pedindo aos militantes que não reproduzam os posts e matérias sobre Jair Bolsonaro. Está relacionado “ao algoritmo do facebook” que multiplica o alcance dos posts pelos nossos contatos, permitindo que eles alcancem gente fora das suas redes tradicionais. A indicação é inclusive de evitar digitar o nome para que não entre nos “trend topics”.

    “Vamos dar audiência para nossos candidatos apenas”.

    Síndrome de Bolsonaro

    Na realidade, está todo mundo se borrando de medo com a possibilidade do capitão ganhar a eleição. Se ele estiver na frente nas próximas pesquisas, vai ser bom para Geraldo Alckmin e sua estratégia, já deliberada, de chamar à razão.

    Os previsores

    A política é a habilidade de prever o que vai acontecer amanhã, na semana que vem, no mês que vem e no ano que vem. E ter a habilidade de explicar depois por que nada daquilo aconteceu.

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