• O dinheiro assemelha-se a um sexto sentido sem o qual não podemos fazer o uso completo dos outros cinco.

    • Somerset Maugham, escritor •

  • O Príncipe dos Poetas

    Publicado por: • 9 jan • Publicado em: A Vida como ela foi

    Numa das pescarias que a GM bancou no Pantanal por volta de 2000, estávamos curtindo a madrugada subindo o Rio Paraguai com o barco a Princesa do Pantanal ou seria Rainha? Nos três anos que fui, eu e dezenas de jornalistas de todo o Brasil, senti como o Pantanal é mágico. Tem alguma coisa naquela região que mexe com teu DNA. No restaurante do barco, que funcionava 24 horas, falávamos sobre esperanças e desesperanças, quando o jornalista Sebastião Gorgulho se pôs a declamar este soneto do Padre Antônio Thomas.

    Quando partimos no verdor dos anos,
    Da vida pela estrada florescente, 
    As esperanças vão conosco à frente, 
    E vão ficando atrás os desenganos. 

    Rindo e cantando, célebres, ufanos, 
    Vamos marchando descuidadamente; 
    Eis que chega a velhice, de repente, 
    Desfazendo ilusões, matando enganos. 

    Então, nós enxergamos claramente 
    Como a existência é rápida e falaz, 
    E vemos que sucede, exatamente, 

    O contrário dos tempos de rapaz: 
    – Os desenganos vão conosco à frente, 
    E as esperanças vão ficando atrás.

    Achei fantástico, então pedi para o Gorgulho o nome do livro para ir à caça. Não tem, respondeu ele, e passou a contar a história do cearense. Padre Antônio Thomas (1868-1941), considerado o Príncipe dos Poetas Cearenses, nunca permitiu que publicassem livros com sua obra, essencialmente poesias. O Ceará o respeitou. A Igreja nunca o viu com bons olhos, porque cantava os miseráveis, os desajustados, os perdedores. Este soneto mostra o quanto o Padre Antônio era bom no que fazia.

    Publicado por: Nenhum comentário em O Príncipe dos Poetas

  • Em se plantando, dá

    Publicado por: • 8 jan • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    fiosAssim descreveu o Brasil o escrivão Pero Vaz Caminha quando Cabral cá chegou. E dá tanto que florescem até fios. Por falta de vocação, eles ainda não se comportam como galhos de árvores, mas um dia eles chegam lá. O matagal da foto fica na rua Ramiro Barcelos, Porto Alegre. Existem muitos irmãos cidade afora.

    Mas não é culpa apenas da CEEE. Talvez a menor parte da fiação seja de sua responsabilidade. O resto é cabo de telefonia, fibra ótica, gato e outros aproveitadores de poste alheio.

    Acontece…

    Jair Bolsonaro e sua equipe estão naquele estágio de apavorar os eleitores de tanto choque de cabeças. Algumas não tão pensantes como deveriam. Só que o tempo aplaina essas saliências. Mesmo na época dos militares, não raro, aconteciam esses desencontros, e parte vazava para a imprensa. Até que não era tão segredo do Estado assim.

    …mas não deveria

    No caso atual, o grande número de militares em cargos de alto escalão é uma das causas. Militar e como radialista, não pode ver microfone aberto que lá vem palavrório por perto. Ainda mais que alguns resolvem dar o troco pelo que da classe se falou em anos recentes. O próprio capitão precisa se controlar mais.

    Na torcida. Contra

    Ainda tem que levar em conta o fato de a mídia torcer descaradamente pelo insucesso do capitão. Ontem de manhã, vi uma chamada na Globo News de programa no rodapé onde se lia “aumentou o emprego informal”, mas nada sobre “diminuiu o desemprego”.

    Os chorões

    Se ainda fosse do gênero musical “choro” seria uma boa, mas não é o caso. Já notaram que o brasileiro é um chorão nato? E que sempre tem uma desculpa quando faz algo mal feito? Não é generalizado, mas é a tal coisa de maçã podre que contamina todas as outras do barril. É um aspecto cultural nosso, algo vindo do catolicismo em grande parte. Chorai e sereis ouvidos.

    Você observa isso todo santo dia no trabalho e até nas relações familiares. Sempre tem alguém dando uma desculpa esfarrapada ou chorando, ai como eu sofro, não mereço etc.

    Tá na cara

    charao (2)Este é um papagaio-charão que mora no Gramadozoo (RS). Os veterinários estão contentes porque a ave acabou de ser pai. Notaram o detalhe? “A” ave, feminino, é pai, masculino. Mas não é disso que quero falar. O que sempre me encanzinou nesses psitacídeos é o jeito maroto com que nos olham. Digam-me se estou certo ou errado, o charão não parece estar rindo de alguma coisa, talvez de nós? Tá na cara.

    Publicado por: Nenhum comentário em Em se plantando, dá

  • Não se ama duas vezes a mesma mulher.

    • F. A. •

  • O deus da ilógica

    Publicado por: • 7 jan • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Os gregos tinham razão. Enlouquecem primeiro aqueles que querem destruir. Digam-me qual a lógica de abandonar uma cidade que está começando a esvaziar para ir para outra que está começando a encher. E quando o verão se vai, esse povo sai de uma cidade que começa a esvaziar e vai para outra que começa a encher.

    Durante este período que se convencionou chamar de “veraneio”, multidões dirigem como doidos em estradas superlotadas de carros correndo muito para ter certeza de que algum policial rodoviário com radar vai multá-los e se aboletam em apartamentos – na maioria das vezes – indignos até do Minha Casa Minha Vida. Alguns são tão diminutos que, se toda a família vier com o corpo cheio de areia da praia perde-se metade da metragem do imóvel.

    Areia

    Na praia, crianças malvadas jogam areia nos inocentes adultos que ainda acham graça; orgulhosos churrasqueiros assam as carnes na orla apesar (talvez por causa) da areia levantada pelo vento. Já vi churras só com sal grosso, com salmoura, com molho barbecue e outros preparados químicos. Mas acho que só nós gaúchos gostamos de comer carne com a crocância – palavrinha usada por 11 entre 10 Chefs – deste tempero, por assim dizer. Nunca entendi como ainda não adicionaram cimento para completar.

    Preços

    Bebida, lanches, líquidos em geral são vendidos pelo dobro ou triplo do preço. Nas ruas, congestionamentos; no mar, água viva quando faz calor, algas fedorentas quando as correntes que se encontram revolvem o fundo do oceano. Enfim, a praia é o paraíso dos masoquistas. Só assim para entendê-la.

    Jornal do Comércio

    Leia e assine o JC clicando aqui.

    Publicado por: Nenhum comentário em O deus da ilógica