Os plantonistas
Em grande parte por culpa da imprensa, o Brasil sempre tem um culpado à mão. Primeiro explico “a imprensa”. Ela é o famoso tambor da sociedade, mas ainda mais o tambor do governo.
Quando Brasília está de feriado, as edições murcham. Assim como as edições de semana precisam acumular gordura de informações para desová-las no findi. Temos, nós jornalistas, o cacoete da repetição.
Tiramos o caldo da laranja até que ela não tenha mais nada a dar. Mas com um detalhe: mesmo seca, não raro, insistimos em extrair mais algumas gotas.
Pau para toda obra
No caso das tragédias é assim. A imprensa é mórbida porque somos uma sociedade em que parte é mórbida.
Em coisas abstratas, mas que impactam no dia a dia. Caso dos juros. Damos guarida a todos que falam neles, sejam entidades de classe, seja leitores e governantes.
O que é cômodo porque, na ausência de notícias positivas, sempre podemos malhar o Judas dos juros altos da taxa Selic. Escondem os defeitos dos que são culpados. No popular, gestão.
Já cansei de bater nessa tecla. O jornal tem um número limitado de páginas e a versão internet também. É um pouco mais ampla que o impresso, mas também tem lá seus limites.
O rabo da cobra
É como discutir se o ovo veio primeiro ou foi a galinha. Governo-mídia, quem começou a ronha?
Eventualmente, os dois têm o mesmo interesse, mas se retroalimentam a ponto de cobra comer o próprio rabo. Não tem mais rabo, não tem mais cobra. Faz puff! e ela desaparece.
Mas não no mundo da informação. Sempre podemos ressuscitar a cobra com rabo novo.
A boia do prefeito
O prefeito dos porto-alegrenses, Sebastião Melo, também chamado de Tião, fez louvável esforço para abrir vários restaurantes para quem não pudesse pagar a refeição. Já são seis ou sete em vários bairros.
Dou uma modesta opinião para alguma eventual peça publicitária ou batismo do nome da iniciativa no âmbito da comunicação municipal.
Pensei em Bandejão do Tião, ou Bandejão do Sebastião, talvez fique melhor.
Fiz um brainstorm e descartei Boia do Tião, Boia de Grátis do Sebastião, Você come e o prefeito paga.
Descartei essa porque vai que a classe média ache que foi convidada. Como sabemos, nomes compridos não colam.
Condenados ao assento
Como disse o cardeal de Lisboa, a virtualidade nos deixa sentados. Digo mais: deixa-nos tão pregados que, no futuro, nem teremos mais forças para levantar, correr, essas coisas. E a bunda será achatada.