Os otários das panelas

28 jul • NotasNenhum comentário em Os otários das panelas

O consumidor porto-alegrense é pouco exigente em matéria de custo-benefício principalmente na área gastronômica. Como disse um Chef italiano especializado em massas, ao percorrer os restaurantes da cidade: vocês são os únicos do mundo que pagam 20 dólares por um prato de massa. A definição volta e meia me assombra por sua precisão estendida para outros pratos da mui valerosa.

O filé de ouro

No meu caso, quero contar uma história de horror. Convidado para o aniversário de amigo em bar-restaurante badalado, quase caí da cadeira ao pagar a conta de um filé à milanesa: R$ 190. E não estava macio.

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O jornalista Felipe Vieira, da Band São Paulo, falou-me que, por esse preço, ele come em um restaurante de luxo na pauliceia e mais um bom vinho. E o de Porto Alegre está sempre cheio, e nem mesmo fica na região mais rica de restaurantes de luxo.

Claro que poucos comem filé de 200 pilas pra fora. Mas até mesmo um bauru custa os olhos da cara.

Filé moleza

É aquele que se corta com o garfo ou com colher, dispensa faca. São carnes e cortes especiais e valem o que se paga.

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Filé-diamante

Por toda parte, existem as casas que cobram caro porque os pratos merecem que se pague este valor. Mas também há enganadores da cozinha. Em contraposição, muitos restaurantes oferecem comida de primeira qualidade por preço razoável e até barato em comparação com a concorrência.

De alguns anos para cá, como a carne passou a ficar cara, nem todo filé é filé. E as carnes são como diamantes: o material mais duro da natureza.

Outros servem o guisadinho feito até de filé de pescoço, para mim uma comida inferior por si só. Não no bolinho de batata, mas essa já é outra história.

Os hambúrgueres são outra prova de como o porto-alegrense gosta de ser explorado. Burger de 70 reais ou mais é escandalosamente caro. Por melhor que seja. A não ser que botem mais de 300 gramas de carne.

Dica

Se o amável leitor não quer dar chance ao azar para germens, peça o burguer sempre bem passado. Ou melhor, nunca mal passado. O calor mata os bichinhos.

Então não devo comer filé mal-passado? Pode sim, porque os germens ficam na superfície, que fica bem passada. No interior da peça, eles não estão, ou estão em pouca quantidade.

Concorrência carcará

A pandemia ferrou com o mundo e o Brasil em particular. Tudo mudou para pior depois dela.

Nos bufês de comida a quilo, por exemplo, o preço do refri ou de sucos é o dobro ou até o triplo do que se paga no boteco da esquina.

É o líquido que dá lucro para o comerciante. O prato em si não pode ser muito além da conta porque a concorrência é como a música carcará, da ave de rapina de mesmo nome: pega, mata e come.

Os  moleques futuristas

Cerca de 18h, avenida Independência, Porto Alegre. O sinal abre para pedestres, mas dois garotos cruzam a faixa de segurança sem dar a mínima. Uma senhora os adverte.   

– O sinal vale pra todos!

Resposta do futuro do Brasil.   

– Vai pro inferno!

De certa, forma já estamos nele.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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