Os nomes perpétuos

9 jan • NotasNenhum comentário em Os nomes perpétuos

O falecido escritor gaúcho Moacyr Scliar tinha um fascínio por nomes de pessoas às suas circunstâncias de vida, uma espécie de condicionamento de vida de acordo com eles. Eu prefiro me fascinar por sobrenomes. Por exemplo, Pedro Álvares Cabral deixou descendentes que foram se multiplicando a ponto tal que só eu conheço pelo menos uns vinte Cabral, ou cabrais.

https://promo.banrisul.com.br/bdg/link/2022.html?utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=campanha_final_ano&utm_content=escala_600x90px

Estamos falando de 500 anos, ou meio milênio. Pero Vaz de Caminha, o escrivão que registrava as áreas tomadas na marra por Cabral, foi outro. Se tem muito Caminha e Vaz, Pero não conheço, salvo o “pero” espanhol. O porém de sempre.

Os reis magrinhos

Se pegarmos mais pesado, digamos dois mil anos, temos os 3 Reis Magos festejados em 6 de janeiro. O trio maravilha levou ouro, incenso e mirra à manjedoura onde estava o menino Jesus. Para começar, nenhum santinho ou ilustração os mostra gordos, ao contrário. Daí que posso supor que eles seriam os 3 Reis Magros e não magos. Seja como for, Baltazar, Melchior e Gaspar deram cria.

https://cnabrasil.org.br/senar

Chuchu na cerca

Hoje temos trocentos mil com esses pronomes no Brasil, sem falar em países como a Espanha. Tudo a ver, porque Baltazar é descrito como de cor escura, então mouro, como os que levaram notável progresso para aquele país. Melchior era nome de batismo muito comum antes que aparecesse o Maicon Jéquinson. Em Porto Alegre, A Belchior foi uma famosa loja de antiguidades. O último rei chamava-se Gaspar, outro que dá mais que chuchu em cerca.

Sanduíche de gente

Os 3 Reis Magros também usaram a navegação por estrelas em terra firme, eis que usaram a estrela de Belém como GPS.  Já os ativos de suas majestades são outro papo.

Mirra é uma resina aromática muito valiosa naquela época, assim como o incenso. O ouro é outro papo. A Bíblia é falha neste aspecto. O que os pais da criança fizeram como ele? Venderam, botaram nalgum fundo ouro de banco, ou começaram o negócio que é vivo até hoje, os homens-sanduíche com as placas “compro ouro”?

Ratos de igreja

O Sherlock que mora dentro de mim diz que eles venderam ou deixaram em consignação o ouro, incenso e mirra para algum espertalhão que os deixou na mão. Tanto que a família continuou pobre como rato de igreja.
Por isso que têm tanto Jesus, José e Maria.

Se formos até o fim  da história, nunca conheci alguém com o nome de Pôncio ou Pilatos. Pode ser que Pôncio fosse piloto sem avião. Temos pilates, mas essa já é outra história.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »