Os mortos muito vivos

23 ago • NotasNenhum comentário em Os mortos muito vivos

Tenho revolvido minha memória em procura de fatos dignificantes na politica brasileira, mas está difícil. Lembrei, fora deles, de dois ilustres personagens da arte de pensar direito, seres.

Uma é de Auguste Comte, o filósofo que criou o Positivismo: “Os vivos são cada vez mais e necessariamente governados pelos mortos”. Já o nosso Barão de Itararé tinha uma variante: “Os vivos são governados, cada vez mais e necessariamente, pelos mais vivos”. 

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Não há exemplo melhor para mostrar a hipocrisia não só de dirigentes partidários como também de políticos de todos os níveis e tendências, que antes só sabiam falar mal de figuras públicas falecidas quando vivas, e que agora o colocam no panteão dos heróis. Sejamos francos, todos somos assim. Basta ler os necrologios, pai amantíssimo, esposo exemplar blá-blá-blá.

Não tem frase que se encaixe melhor do que esta do Machado de Assis para definir o espírito dos muito vivos: “Está morto: podemos elogiá-lo à vontade”.

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Paraísos perdidos

Nos anos 1970 a 1980, nós jornalistas até que gostaríamos de ir para terras novas, e muitos assim fizeram. Já a partir dos anos 60, jornalista gaúcho tinha respeitável fama na pauliceia desvariada e no Rio de Janeiro. Fama que foi definhando nos últimos anos.

Éramos um grande rio. Hoje somos riacho. Nós e o jornalismo gaúcho. A partir de um determinado momento, nós todos, e não apenas jornalistas, começamos a encher o saco com essa nossa mania de tudo aqui ser na ponta de faca. “Quem não é meu amigo é meu inimigo.”

A ideologização até do pudim de leite (açúcar é de direita). O ranço, ai meu Deus, o ranço! Então, para encurtar o causo, houve tempo em que vivíamos sem essa catinga toda a empestar corações e mentes.

Daí que me dou conta do número cada vez maior de amigos e conhecidos que se dizem fartos, e que querem sair daqui. Não sabem para onde, mas querem sair.

Não são PJ, são pessoas físicas, geralmente que estão com o burro na sombra ou têm alguma boa aposentadoria. Ou, até mesmo, querem recomeçar.

Uma coisa é certa: já tivemos melhor reputação. Inclusive entre nós mesmos.

Um escambo doloroso

Esse é o prédio da Embaixada do Brasil em Buenos Aires. É uma construção colossal. Tem até um túnel que permitia que os antigos donos pudessem fugir em caso de emergência.

Foi trocado pela enorme dívida da Argentina contraída por compras de café brasileiro no final dos anos 1940 pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Somos burros e perdulários há muito tempo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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