Os meteorologistas do Antares
Antes dos satélites meteorológicos e mesmo depois dos primeiros, a previsão do tempo ficava escondida em algum cantos dos jornais impressos, porque não havia a cultura do querer saber se iria chover ou fazer frio no dia seguinte. Publicava-se a Carta Sinótica, gráficos incompreensíveis para leigos.
Aos poucos, os leitores queriam saber mais detalhes do tempo, até porque a comunicação/informação melhor dava conta de catástrofes climáticas ao redor do mundo. Sua curiosidade fez o resto.
Desde a década de 1930 o uruguaio Instituto Antares, ficou famoso por seus acertos. Não no dia a dia, mas a aproximação de frentes frias, massas de ar polar e até a possibilidade de enchentes. Isso continuou até os anos 1980, quando aumentou o número de satélites.
Nos anos 1990, soube-se que o Antares não existia mais. Foi quando descobrimos que não era uma central meteorológica, apenas um casal de uruguaios de Montevidéu que nem tinha acesso a qualquer tecnologia. Segredo: recortaram e arquivaram meticulosamente os eventos climáticos publicados pelos jornais desde o início do século XX.
E nem a equipe tinha. Era um casal que fazia isso como hobby e depois passaram a distribuir previsões a quem interessar pudesse. Chegava em Porto Alegre, inclusive. E quase sempre acertavam.
Com o enorme arquivo de eventos que criaram, chegaram à conclusão empírica que tudo era cíclico, de tempos em tempos a natureza aprontava alguma. Ciclos de 20, 30, 50 anos, todos.
Se isso funciona hoje não sei, mas o professor Eugenio Hackbart, da MetSul, tinha a convicção que até a atividade solar poderia causar esses ciclos. E essa observação ninguém mais faz, pelo menos no Brasil ao que eu saiba. Esse é mais um exemplo do acerto da frase de Martin Fierro, poema de José Hernández: el diablo sabe más por viejo que por diablo.