Os criadores de comida
No próximo dia 25 comemora-se o Dia do Colono, data criada em 1965 como forma de homenagear os agricultores das colônias alemãs e italianas, principalmente as primeiras. Mais que uma homenagem, foi um desagravo. Vocês não sabem o quanto a autoestima desabava quando alguém da cidade os chamava de “colono”. Era pior que um apelido, era o equivalente à definição de um ser inferior, que nem mesmo sabia falar português sem sotaque, um cara que se assustava com a cidade grande. Um simplório que só prestava para plantar batatas, acho que veio daí a expressão.
– Alemão batata, como casca de barata!
Essa era outra crueldade que se fazia com essa brava gente. Timidamente, eles respondiam que a fome do urbano era aplacada com os produtos por eles plantados. A tréplica era outra gargalhada nauseante. Alguns compositores trataram de criticar essa besteira citadina, o bullying da época. Um deles foi o famoso Teixeirinha, homem de Passo Fundo, que criou uma música falando dessa maldade e enaltecendo os criadores de comida.
Vocês não têm ideia do sofrimento dessa gente naqueles tempos. Além de ganhar pouco pelo muito que faziam enfrentavam mais essa. Falo à vontade, porque embora nascido numa colônia alemã, nunca tive sotaque, meu pai era alemão nato, nunca sofri na pele esse despautério. Mas doía de escutar e ver.
Nos próximos dias, falarei de usos & costumes das famílias daqueles tempos na minha amada cidadezinha, então vila.
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