Onde estão as areias brancas?
A primeira vez que fui para a praia, já meninote, arquivei para sempre alguns cheiros, sons, odores e visões. Cheiro da maresia, cheiro do vime e chapéus de palha nas lojas, cheiro de um “bronzeador”, cheiro de espiral Boa Noite e Flit para afastar mosquitos, sons dos vendedores de puxa-puxa acentuando o “a” como “puxapuxá”. A visão do mar, das conchas, das ondas e a areia incrivelmente branca.
Passaram os anos, décadas, e nunca mais vi areia incrivelmente branca, só areia bege-sujeira. Cada vez que vou para a praia lembro da areia da minha infância.
Será que foram décadas de poluição, as correntes marítimas mudaram, a sujeira da cidade a deixou suja? Ou minha memória me enganou, parecia branca em comparação com as areias da cidade? Jamais saberei.
O que eu mais queria era ver de novo a desaparecida areia incrivelmente branca.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
