O sangue cansa

7 ago • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em O sangue cansa

O jornalista Miron Neto, que mantém um blog com seu nome e atua na região da Serra das Hortênsias do RS (Gramado e Canela), tomou a decisão de não mais publicar notícias policiais. “Hoje, existem outros colegas com colunas digitais e que possuem maior intimidade com a crônica policial”, escreveu. Já tínhamos conversado sobre o assunto e entendo bem a posição dele, mas acho que todos nós cansamos deste tipo de noticiário.

A informação que dói

Não quero com isso dizer que toda a mídia tenha que descartar a reportagem policial, mas o fato é que nós nos deprimimos tão logo lemos o jornal ou vemos imagens de TV. Aliado à insegurança, as pessoas querem é fugir do tema, fazer de conta que não existe – o que não é visto não é lembrado, diz o ditado.

O domínio da polícia

Tenho saudades da Globo quando o foco policial era secundário, mas hoje a Globo parece ter optado pela polícia, para resumir. Já escrevi aqui que um grande jornalista (ainda vivo) dizia, nos anos 1970, que “a função do jornal era alarmar o povo”. Falou isso meio sério, meio brincando. Eu já diria isso a sério.

Mortes no viaduto I

Há uma história exemplar dos anos 1960. O local onde havia mais suicídios era no Viaduto Otávio Rocha, na avenida Borges de Medeiros, Centro de Porto Alegre. Eles se atiravam do alto da rua Duque de Caxias. Suicídio naqueles tempos era cobertura normal.

Mortes no viaduto II

Na segunda metade dos anos 1960, os editores de reportagem policial dos seis jornais diários de Porto Alegre se reuniram e decidiram não mais noticiar suicídios, salvo se fossem pessoas famosas. Resultado: praticamente caíram a zero os suicídios nos altos do viaduto da Borges. Eu sou testemunha porque era repórter na época. Tirem suas conclusões.

Tudo pela audiência

A minha conclusão é que estamos exagerando na cobertura. Não que queira censura, mas que devemos repensar as matérias policiais. Como na TV, estamos dando sangue ao povo como se fosse ordem das massas famintas que vão ao Circo Brasiliensis.

Nota de pesar

A Editoria Abril fechou boa parte dos seus títulos dirigidos ao público feminino. A Casa Cláudia é uma delas. A empresa também fez um corte drástico no quadro de pessoal, com 800 demissões. Claro que ninguém demite tanta gente porque quer, mas fico triste com isso.

Como era verde meu vale I

Quem, como eu, viveu tempos de pujança jornalística e, em especial o jornalismo impresso, não tem como não se deprimir com o quadro atual. Falei acima, nós tínhamos em Porto Alegre seis jornais diários, pleno emprego. A ponto tal, que alguns jornalistas trabalhavam em mais de um veículo, impresso, saliento, fora a TV e rádio.

Como era verde meu vale II

Todos os grandes jornais (e revistas) brasileiros nos anos 60/70 tinham sucursais em Porto Alegre, todos, e com redação completa. O Rio Grande do Sul tinha não só peso maior no PIB nacional como sua importância política era ampla e irrestrita. Para se ter uma ideia, a primeira sucursal que o jornal O Globo abriu foi em Porto Alegre.

Cui prodest

Ou “a quem interessa” serve como uma luva para o suposto atentado com drone ao quase ditador venezuelano Nicolás Maduro. Se já perseguia e prendia, agora tem como desculpa esse atentado para radicalizar e endurecer ainda mais o falido regime. Óbvio que ele acusa os americanos, mas não sei não.

Salve-se quem puder

Seja quem foram os autores, as imagens que mostram a debandada dos militares que estavam no desfile dá uma ideia de que, na hora da onça beber água, não há chavismo que resista.

Expoagas 2018

Acontece, de 21 a 23 de agosto, no Centro de Eventos Fiergs, em Porto Alegre. Até o dia 17 de agosto, varejistas de todos os segmentos (supermercados, padarias, bares, hotéis, restaurantes, petshops, lojas de bazar e outros CNPJs de varejo) têm isenção nas inscrições.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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