O Rolls do Conde
Nos tempos em que também fui publicitário, ficava admirado com a complexidade envolvida na criação de um simples anúncio. Depois da criação de alguma peça publicitária, especialmente para a mídia impressa, entravam em ação os arte-finalistas e montadores.
Pincéis, tintas, ilustradores, tudo isso se foi, ou quase. Usavam-se catálogos caros de folhas de Letra Set, com letras e números que eram decalcados para formar o texto nas chamadas. Desenhar uma letra nova, um modo novo de desenhar a letra e o número era uma próspera indústria. Aliás, os argentinos eram bons nisso.
Em 1972 a Aplub contratou um batalhão de executivos do Banco Crefisul, uma potência como banco de investimentos e que tinha sido vendido para o americano Continental Bank. Eles venderam para a Aplub a ideia de criar um conglomerado financeiro, com banco, corretora, distribuidora etc.
A Mercur, que era uma bela agência na época, preparou a campanha milionária, que acabou sendo abortada, assim como o tal conglomerado, por motivos que não vêm ao caso.
Um dos quatro anúncios criados para todos os grandes jornais e revistas do Brasil tinha um Rolls Royce como ilustração. O layout foi aprovado. Mas quem é que disse que tinha um Rolls para ser fotografado no Brasil.
Havia apenas cinco deles, e um era do Conde Matarazzo, que nem deu bola às nossas súplicas. Fosse hoje, era só clicar no mouse. Eu e um jornalista/publicitário de nome Prado Magalhães, gastamos dias para ver como diabo conseguiríamos que alguém da Europa nos mandasse fotos do carro. Em seguida, veio o cancelamento da campanha.
Tudo que parecia sólido se desmanchava no ar.
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