O Ratinho
Ensino Médio, então curso ginasial, anos 1950. O Irmão Afonso, apelidado de Ratinho por suas orelhas pontudas de abanar fogo, dava aula de Religião, disciplina obrigatória nos colégios maristas.
Um dia ele desandou a falar mal da pornografia reinante, criticando atrizes “completamente seminuas” e a cultura do sexo, que hoje não deixaria vermelha nem uma freira.
Óbvio que piadas “sujas”, e nelas eu era especialista, também entraram no seu arcabuz giratório. Em seguida falou na anatomia feminina.
– Veja o chamariz repelente da carne! – escandalizou-se.
Não me contive.
– Irmão Afonso, o senhor precisa se decidir se é chamariz ou é repelente. As duas coisas não dá.
O religioso me fuzilou com o olhar e me colocou de castigos atrás do quadro verde por quatro horas.
Eu e minha boca grande.