O que vejo, só eu vejo
Não canso de repetir a frase proferida nos anos 1950 pelo político mineiro José Maria Alkmin (nada a ver com o Alkmin de Lula), o que interessa é a versão e não o fato. Por isso que debates eleitorais têm visões diferentes e comentaristas esportivos divergem sobre uma jogada clara.
Mesmo assuntos límpidos como água mineral sem bolinhas não são unanimidade. Caso da Terra Plana.
Outro exemplo são as teorias de conspiração. Em número cada vez maior e incrivelmente abraçadas por gente respeitável. Alguém já disse que lendas urbanas e conspiratórias são uma forma de negar a realidade do mundo cada vez mais estranho.
A cobra no supermercado
Nos anos 1980, quando escrevia o Informe Especial de ZH, apareceu uma criança que teria sido picada por uma cobra na gôndola das verduras. Chegou a tal ponto que os supermercados de todo o RS publicaram a pedidos negando que tivesse ocorrido em uma das suas lojas.
Cada cabeça uma versão, diz o ditado. Ilustro com a história da mãe de uma apresentadora de TV, caso ocorrido há 20 anos. Na época, o cardiologista Fernando Lucchese havia escrito um livreto intitulado Pílulas de Felicidade, coletânea de conselhos e sugestões para levar uma vida melhor, que fez enorme sucesso. Pois a velha senhora pediu à filha que o comprasse.
– Tá bem, mãe, eu passo em uma livraria e compro.
– Livraria? Mas não é em farmácia que se compra?
Torque
Todos os motores têm a sua curva de torque. Força, basicamente, para não complicar. No manual do carro pode-se ler que o torque máximo fica entre tantos giros ou RPM, mínimo e máximo. Depois deste não adianta acelerar mais, o motor pode até subir de giro, mas a potência já não se traduz em mais torque.
Dezembro é mais ou menos assim. Correria e mais correria, giros lá em cima, mas benefício só estresse. O que tinha que dar já deu.