O povo, onde mora o povo?
A Assembleia Legislativa perdeu o poder de dialogar com a sociedade, a chamada opinião pública. Há um muro construído pelo próprio Legislativo ao longo dos anos. Ela só atende pleitos pontuais ou demandas corporativos, ou de “tribos”, como as trocentas frentes parlamentares, que são em número maior que o número de deputados da casa.
Há dias, um grupo de empresários tentou que ela assumisse uma bronca fiscal. Mas se deram conta que ela não impacta mais a sociedade com grandes temas que interessem a todos. Ressalvando as exceções.
Os primeiros tijolos deste muro foram assentados quando interesses partidários tornaram-se prioridade. Depois, vieram interesses pessoais. Um deputado senta na cadeira depois da posse, pensando na reeleição desde o primeiro minuto.
O eleitor tem culpa também. Poucos acionam os parlamentares em quem votaram. Ficam dois mundos, com a Casa do Povo sem grande eficácia.
O povo passou a ser uma abstração por mais que falem nele. Há deputados brilhantes? Sim, mas o conjunto está longe de ter o mesmo brilho.
Porteira aberta
Um tema que deveria estar em discussão na Assembleia é a descriminalização das drogas para uso pessoal, que já conta com 4 votos no STF. Mesmo sendo federal, o efeito (devastador) atingirá toda a sociedade. Então os parlamentares deveriam debater esse tema.
Loucuras a granel
Sobre as drogas e liberação para uso pessoal pelo Supremo, cabe lembrar um filósofo grego: aqueles a quem os deuses querem destruir enlouquecem primeiro.
Bacanal partidário
Se os partidos pudessem fazer um raio-X como os humanos, os médicos ficariam boquiabertos ao ver que pouquíssimos têm espinha. No máximo, uma cartilagem que se dobra como uma folha de papel.
Fazem alianças ao sabor dos interesses partidários até com inimigos figadais. Poder e cargos é o lema.