O estranho caso da pirâmide de mel

21 dez • NotasNenhum comentário em O estranho caso da pirâmide de mel

Eis que se aprochega o finalzito do ano, vivente. Ainda tem uma semana pra vosmicê dar uma arejada na bombacha e engraxar o bigode com banha de capincho.

A bombacha, índio veio, é como a varanda de uma casa, que o presidente Lula disse ser fundamental para largar pum, para não incomodar a mulher veia e os filhotes. Pois a bombacha larga e apertada embaixo foi inventada para melhorar a, digamos, varanda do pum, pois pode largar pum em qualquer peça da casa e esvaziar o contchiúdo no aparador.

Dali ele ganha os ares e perde efeito, se bem que é metano, produzido em grande parte por costela gorda, rabanete, ovo em conserva e feijão, tudo misturado com um liso de canha de derrubar poste de cimento. Posto que é este metano, contribui para o efeito estufa, presidente.

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Uma outra serventia no período pré-natalino é dar uma arrumada nas ideias. Sempre ouço dizer que datas como Páscoa, Natal e Ano Novo são boas para profundas reflexões.

Sei não. Até onde vejo nos amigos e família, profundas reflexões são feitas para escolher entre a praia ou a Serra.

Desculpem a profanação de nobres ideias para os que os têm. Mas ainda acho que se pode fazer profundas reflexões sentado no vaso da patente. Principalmente depois de comer essa mistureba descrita aí em riba.

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O Natal, caro guasca de fora, é bom para quem não tem falta de dinheiro e harmonia. No meu humilde entender, Natal é melhor para quem mora no interior, de preferência na Fronteira Oeste com seus horizontes quase infinitos e nenhuma viva alma à vista.

Para quem gosta de barulho pra espantar a solidão, esteja à vontade. Cada um pede o que não tem. Prefeito de cidade pequena pede asfalto e, depois que a cidade fica grande, pede quebra-mola.

Desejos de entrada de ano novo não são convenientes. O melhor é desejar a saída do ano velho com suas desgraças, deixando aberta a porta do que se avizinha.

Nosso amado Brasil não tem muita sorte em boas notícias. Sempre algo para se entristecer. Deve ser por isso que as crianças acreditam em Papai Noel. Ainda não foram contaminadas.

O estranho caso da pirâmide de vidro

Vivemos dizendo que a felicidade é inatingível, e que nenhum Papai Noel pode trazê-la no seu saco. Mas talvez seja a meta inalcançável que deva ser buscada, mesmo que seja impossível.

O treinador da ginasta romena Nadia Comaneci, campeã de ouros em Olimpíadas dos anos 1970, dizia que a meta que traçou para sua pupila era permanecer sempre no ar nas suas piruetas olímpicas. Então lembrei de um causo sobre o assunto. Aqui vai:

Um ninho de formigas cortadeiras estava passando trabalho com o excesso de chuvas, que as impediam de buscar alimento porque corriam o risco de morrer afogadas. Ali perto havia uma pirâmide de vidro em cujo topo tinha um enorme favo de mel.

Dava para alimentar todos por meses. Todas as castas das formigas – operários, guerreiras, a guarda da rainha – nem tentavam subir pela paredes lisas porque sabiam que isso seria impossível.

Um dia, a colônia recebeu a visita de formiguinhas vizinhas, que foram avisadas que não tinham o que oferecer de comida e nem como buscar o favo no alto da construção de vidro. Uma delas olhou a pirâmide, chegou perto e, para espanto de todos, subiu a lisa parede e começou a comer o mel. A rainha do formigueiro espantou-se.

– Mas quem é essa formiguinha?

– Ah, essa é a surdinha – falou uma das visitantes.

Sejamos surdos. Talvez nos ajude a escalar as pirâmides de vidro da vida.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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