O corpo fala

15 jul • NotasNenhum comentário em O corpo fala

Ainda sobre as notas de ontem a respeito de ciganas. O bom dos debates e manifestações de candidatos na televisão é que o eleitor fica próximo de quem fala, o que não era possível no tempo dos comícios, que permite ver as nuances não verbais da pessoa ou político.

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O livro “Os nove passos”,  de Inbau, Reid e Buckley, sobre técnicas de interrogatório e entrevistas, ensina que podemos dizer que o comportamento não verbal pode ser mais importante do que o verbal. Bem como o comportamento não verbal é responsável por mais da metade da comunicação total. Como “ouvir” o corpo já é outro departamento.

Fim de papo

Existem técnicas que as polícias de todo o mundo usam nos interrogatórios, quase todas baseadas ou divulgadas pelo FBI. Nos sutis códigos que as mulheres enviam para o homem em conversas também já conhecemos algumas. As mais elementares e antigas era ela virar a ponta do sapato para o homem ou falar várias vezes o nome dele na conversa.

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Ocorre que só alguns os captam. Na maioria das vezes, por insegurança. Hoje deve ser pior, porque é grande o medo de ser acusado de assédio sexual. O mundo,, que já era imperfeito, virou o imperfeito em que até as conversas sofrem com o politicamente correto, tirando a naturalidade nos diálogos.

Bem me quer, mal me quer…

Porto Alegre  já tem seu Dia de Amor Próprio, aprovado dia 13 passado. Se tem uma coisa que não falta neste bendito país é dia disso ou daquilo. Aliás, estou sinceramente inclinado a sugerir para algum deputado que crie o Dia Disso ou Daquilo, um resumo das nulidades que poucos lembram. 

Estas datas são lembradas quando significam faturamento para o comércio, Dia das Mães, Dia das Crianças etc. O Brasil vive dessas frivolidades. Até poderiam criar o Dia delas. E O Dia de todos os Dias.

É muito mi-mi-mi

O Dicionário Prático Sacconi, lançado neste mês pela Matrix Editora, inclui termos inéditos como “tucanalha”, “mi-mi-mi” e “direitopata”. Neologismos muito presentes em nosso dia a dia.

O autor é o gramático e professor da USP Luiz Antonio Sacconi, primeiro a registrar o verbete “petralha” em suas obras. Seus trabalhos estão entre os mais plagiados do país. Definida como “anti-internet”, o dicionário busca reunir neologismos, vocábulos de língua estrangeira e outras novidades. Sempre buscando ser uma referência mais confiável do que os sites de busca.

O pioneiro Pasquim

O grande transformador de linguagem chula através de diminutos ou contrações foi o jornal alternativo O Pasquim, na segunda metade dos anos 1960, criado por gênios como Millôr Fernandes, Jaguar e Henfil, entre outros. Hoje, são usadas até pela madre superiora.

Pacas, sifu ditas por extenso são pouco usadas até hoje na imprensa. Na televisão, a barreira da linguagem chula foi rompida pela novela Beto Rockfeller, na TV Tupi, nos anos 1970. O brilhante dramaturgo e ator  “boca suja” Plínio Marcos foi o centro da revolução. Nunca mais as novelas foram as mesmas, com aqueles ares e falar empolado.

A telenovela matou a radionovela, soberana até os anos 1950. Nestas ainda se falava Vosmecê e família. No dia a dia, quando cartas e ofícios ainda reinavam, correspondência comercial ia além do “atenciosamente”, “no aguardo” ou assemelhados. Cansei de ler a saudação de encerramento do conteúdo três palavras em caixa baixa com ponto entre elas. Assim:            amos.atos.obros.
Significando “amigos, atentos e obrigados”.

Era um formalismo que alguns reputariam como ultrapassado, mas tinha lá sua dignidade.


Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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