O começo de tudo

17 mar • NotasNenhum comentário em O começo de tudo

É costume se referir aos políticos como “a classe política”, o que é errado. Classe supõe atividade econômica, o que não é o caso – salvo os lava-jatistas e corruptos em geral.

Enfim, estes seres são muito diferentes de mortais comuns. Enquanto são vereadores de cidades menores, comportam-se como pessoas normais, a quem a mosca azul ainda não infectou.

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São chamados de tu ou você, os eleitores empurram o dedo na barriga e dizem “e aí gordinho?”, tudo na base desse mundinho ainda não contaminado pela cidade grande e seus valores distorcidos.

O caminho para as estrelas

Neste mais de meio século de jornalismo, acompanhei um bocado desses políticos em ascensão ou que ficaram no meio do caminho. Às vezes, não lhes faltou competência, apenas não eram amigos do rei, no sentido dos caciques do partido ao qual pertenciam.

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Per ardua ad astra, o caminho das estrelas é árduo, diz o provérbio latino.  O político que quer chegar no topo, ou pelo menos um pouco abaixo dele, tem dois adversários: os adversários de fato e o fogo amigo. Então chegam na Prefeitura, e aí é outra máquina de moer carne.

Neste ponto há uma diferença crucial: um bom político pode não ser um bom administrador e vice-versa.

O sapo à milanesa

Quando conseguem uma vaga na Assembleia Legislativa é como um sargento chegar a oficial. Tudo é novo, você já pode olhar a plebe rude estufar o peito e dizer “eu cheguei lá”, frase repetida quando alcança a Câmara dos Deputados.

Ainda na planície, o sucesso vai depender de jogo de cintura, amizades poderosas e também da arte de engolir sapos. Porque ele vai engolir muitos.

O corpo fala

Nesta jornada, ele precisa cuidar da aparência pessoal e do comportamento corporal. Ele não só deve transmitir confiança, precisa tê-la em alto grau. Corporal necessita vestir bem.

Até os anos 1990, a gravata era fundamental. Tinha que ser bonita e combinar com o terno. Aí veio o reinado das gravatas francesas Hermès.

Logo que são eleitos, passam por um período de deslumbramento. Conhecem o alto oficialato dos três poderes, e devem ser próximos do governador. Sempre que possível, são papagaios de pirata quando aparecem fotógrafos e câmeras de TV. 

Cuidado, alçapão

Se for preciso falar, cuidado. A mídia é cruel, e o telespectador ou eleitor não perdoa. Uma cartilha antiga dizia que político nunca deve usar terno claro na televisão ou debate. Tem a ver com psicodinâmica das cores. Se a carreira levá-lo a uma candidatura executiva, bom, aí encerra esse ciclo. O furo agora é muuuito mais embaixo.

O roubo do picolé

Os políticos de sucesso sabem muito bem que não podem ser bonzinhos. Bonzinho não faz carreira. Tem que ser mau, tipo roubar picolé de criancinha e dar canela em alguém que atravessa a rua.

Esses que estão na boca do povo. E tomam quatro xícaras de demagogia ao acordar.

A volta da gravata

Neste ponto, já podem largar a gravata Hermès. Em visitas a obras, fiquem em mangas de camisa. Confundem-se com os operários. Mas tenham sempre um paletó à mão para eventos sociais. Treinem beijos em crianças e apertos de mão.

Não perca

Fundamental é ir a enterro de pessoas ilustres ou populares. Cai bem ir na missa de sétimo dia. Poucas pessoas vão, então a família observa “como ele era amigo do falecido”.

Mulheres+ 40

No próximo dia 18 de março, ocorrerá a segunda edição do encontro Mulheres 40+, por meio de um workshop do qual serão ministradas oito palestras, das 10h às 17h, no Condomínio Edel Trade.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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