O churrasco
Uma amiga me convidou para comer um churrasco na casa dela, ela, marido e filho.
– Onde moras?
– Alvorada.
Longe pra burro. Subitamente, perdi a fome.
A Patagônia
Entreouvido em parada de ônibus. Uma senhora falava para uma desconhecida, que puxou papo, que seu filho estava na Patagônia.
– A nossa Patagônia? Sim. A uns 5 mil quilômetros de distância.
Desvio de atenção
Bolsonaro é incorrigível. Domingo fez um discurso conclamando a militância para o desfile de 7 de Setembro e nada falou sobre três boas notícias: queda do preço da gasolina, inflação pelo IPCA em queda e a elevação do risco soberano de “negativo” para “estável” pela agência Fitch, um das três mais respeitadas do mundo.
Mas não. O homem insiste em dar tiro no próprio pé. Já estou começando a achar que é de propósito.
Enquanto isso, na planície…
Lula navega com todos os ventos a favor. E vai repetir o que deu certo da primeira vez. Formará um conselhão composto por empresários, banqueiros e outras figuras representativas da sociedade. O que eles farão no governo?
Nada. Aí é que está a beleza desse engenhoso plano. Como o mundo do capitalismo adora pompas e vaidades, aceitará a missão. Então Lula sempre poderá dizer que tem o apoio do empresário duela a quién duela.
Companheiros de viagem
Mais interessante ainda é o fato de que, dificilmente, alguma dessas pessoas recusará o convite. Além da vaidade e do brilho das lantejoulas petistas, acharam prudente não recusar para evitar retaliações futuras.
Teoria do bode
Eleitores de Bolsonaro arrancam os cabelos com o futuro do Brasil com Lula. Acreditam que haverá a esquerdização total, socialismo desbravado e coisa e tal.
Acho -palpite- que Lula não fará nada disso. Permitirá umas invasões de terras, um que outro quebra-quebra, mas o escopo será como o primeiro governo, auxiliará o capital e seguirá navegando no capitalismo.
O socialismo não quer o fim do capitalismo. De onde mais tiraria dinheiro?
Então mais adiante todos que temiam Lula dirão, “Puxa, até que ele não é tão ruim”. Como o bode da sala, sabedoria milenar.
La nave vá…
Mesmo os mais entusiasmados com a candidatura de Simone Tebet estão jogando a toalha. Uma raposa felpuda do MDB me contou, há um mês, que, se a senadora candidata não alce voo até o final de julho, teriam que abandonar a ideia da terceira via. Ainda pode voar. Poder pode, mas precisa de um milagre.
Já vi boi voar e passarinho mugir neste mais de meio século de jornalismo para nunca dizer que o impossível não acontece.
Já vi boi voar e passarinho mugir, mas nunca os dois juntos. Em todo o caso, sou tipo ouro. Nunca é 100% puro, sempre é 99,9.
E sempre tem o imponderável. Ele apareceu muito na nossa história pessoal e coletiva.