O chiclete da Zelaine

22 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em O chiclete da Zelaine

Mais uma vez valho-me de uma memória do meu amigo Paulo Motta, que escreveu um causo envolvendo sua prima Zelaine. Não deve ser a mesma Zelaine que conheci quando cursava o 4º ano primário, no Grupo Escolar Delfina Dias Ferraz, em Montenegro. Era uma negra magra, alta, sexualmente precoce, simpática, dava curva nas professoras a todo momento. Vivia mascando chicletes, que não eram tão baratos assim naqueles tempos.

Um dia a professora – dona Olenca – chamou a atenção da Zelaine porque ela estava transgredindo o regulamento ao mascar chicletes Adams, aquele da caixa amarela, hortelã. Ela negou.

– Abre a boca! – ordenou a mestra.

Ela abriu. Não teve jeito. Uma bolota escura aparecia na altura da segunda mobília. Mas, como falei, a Zelaine botava suspensório em cobra correndo.

– Não é chiclete, fessora, é chumbação!

Chumbação eram as restaurações dentárias, quando se usava amálgama à base do metal mercúrio. O aspecto era mesmo de um chiclete mascado.

Lembrança vai, lembrança vem, lembrei de outro colega. Dele dizíamos que tinha tantas cáries que dava eco quando falava. Dizíamos que era a Voz do Vale. Mas essa já é outra história.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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