O caneco da alemoa
O leitor Antônio Carlos Nasi lembra um dos tantos bar-chopes dos anos 1960, o Liliput original, na Otávio Rocha entre a Marechal Floriano e a Dr. Flores. Na parede havia uma pequena pia decorada com azulejos portugueses.
O dono ou um dos chamava-se Ávila. A atendente era uma baixinha ruiva e despachada. Pegava três canecos em cada mão e saía pelo pequeno salão colocando nas mesas, mesmo que você não pedisse. Se seu caneco estivesse quase vazio ela colocava outro e pronto.
– Chega, não quero mais.
– Não avisou, agora vai tomar.
Hoje seria chamado de demanda forçada.
O Liliput servia uma empada de galinha de primeira. Cada bar-chope tinha sua especialidade. Um pouco adiante, na diagonal da Renner, esquina com a Dr Flores, ficava o Hubertu’s, que servia um bolinho de carne de casca crocante – de comer ajoelhado. O garçom era o Subtil, que a freguesia transformava em Sutil.
Colocar chope sem autorização do freguês lembra um causo de um alemão que saiu de São Vendelino para visitar seus pais na Alemanha. Acompanhado de um brasileiro descendente de alemães que não conhecia o país, foram para a famosa cervejaria Hofbräuhaus de Munique. Passou a garçonete, uma alemã corpulenta que parecia um panzer carregando cinco canecos de litro em cada mão e depositou dois na frente deles. O brasileiro, homem na casa dos 60 anos, reclamou.
Passou a garçonete, uma alemã corpulenta que parecia um panzer carregando cinco canecos de litro em cada mão e depositou dois na frente deles. O brasileiro, homem na casa dos 60 anos, reclamou.
– Nein, nein, eu quero chope em copo, pequeno.
Ela o olhou por um bom tempo. Largou os canecos na mesa e passou a mão na cabeça dele. Na tradução:
– Menino, faz o seguinte. Vai para casa, cresce, estuda direitinho e quando fores adulto, vem para cá beber como gente grande.