O barco do Teixeirinha
Victor Matheus Teixeira foi o cantor regionalista gaúcho que por mais tempo esteve na crista da onda. Seus filmes, em torno de uma dúzia, causavam enormes filas nos cinemas do Interior do RS. Era execrado pelos intelectuais e até mesmo os puristas torciam o nariz para a maioria das suas composições, algumas bem bregas, é verdade.
Mas não se tire dele o mérito, foi a nossa versão de cantor das multidões, como Orlando Silva foi definido nos anos 1950. Cantava às vezes em dupla com Meri Terezinha, com quem vivia, também coadjuvante dos seus filmes.
Eu não perdia nenhum. Não que fossem obras-primas, mas por causa do humor involuntário causado pelas produções toscas, na maioria das vezes. Um dos diretores que dirigiu seus filmes, Milton Barragan, certa vez me contou uma boa dele. Em um deles, Teixeirinha fazia o papel do capitão de um barco areeiro que navegava nos afluentes do Guaíba.
Em uma das cenas de estúdio, ele cantava junto ao timão. Só que o tratava como se fosse direção de um carro, pra cá e pra lá sem se dar conta que, em um barco, o movimento era bem lento. Barragan gritou “corta”, e admoestou o artista sobre essa condição, que redarguiu de bate-pronto.
– O filme é meu e guio o barco como eu quiser!