O assassino do bumerangue

3 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em O assassino do bumerangue

Quando eu tinha sete anos, meu pai  me deu um bumerangue australiano, aquele instrumento de madeira que os aborígenes usavam para caçar. Se o alvo não fosse atingido, ele voltava para quem o atirou graças à sua aerodinâmica peculiar.

Feliz da vida, fui ao potreiro do seu Inácio “Notz” Schneider para experimentar. Foram duas horas de disparo e ele nunca voltou, nem naquele dia nem nos subsequentes.

É o jeitinho, me disse o tio Edgar. Anos mais tarde, li algo sobre o manejo da arma. Uma ilustração mostrava qual o lado certo de pegar o bumerangue, se o braço mais comprido ou o curto. Em seguida, era preciso curvar o braço para atrás e acima da cabeça, então girá-lo em semicírculo e inclinando o corpo para a frente e para o lado. E só então jogá-lo.

Nunca experimentei se dava certo, porque não achei o bumerangue nos meus trastes. Vai ver, deve ter voltado para a Austrália da última vez que o atirei. Lá encontraria quem soubesse manejá-lo. E eu me livrei de ser chamado de Assassino do Bumerangue.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »