Nobel de Avestruz
Com os jornalões e jornalinhos ocultando o máximo possível as manifestações, sem pagar mico junto aos leitores, e a maioria das redes dando zero prioridade para as imagens, o Brasil moderno merece o Prêmio Nobel categoria avestruz. Aquela ave que se diz enterrar a cabeça na areia quando se sente ameaçada.
Reportagem Doril
Não precisa ser bolsonarista para lamentar o que considero um erro do tamanho de Everest: estamos contando a história como ela não é. Graças aos moralistas de cueca. Entre eles os que apoiaram, com firmeza, o movimento militar de 1964, com raras exceções.
E a Bíblia tinha razão
São sepulcros caiados, para usar uma expressão bíblica. E sepulcros que dependem das verbas do governo para não virarem defuntos de vez.
Todo esse quadro de precariedade de informação é agravado pela magreza das redações piorada pela pandemia. Por isso o que nos chega vem de terceira ou quarta fonte. Até o horóscopo vem de terceiros.
De primeira, só o noticiário policial e olhe lá. Em boa parte das imagens vêm de leitores entusiasmados.
Então restam as redes sociais com mais fake news que informação credenciada. Então, socorremo-nos com os sites independentes.
É o cúmulo da ironia. Na Era da Informação, não a temos. Não de forma completa.
Agruras de um consumidor
Entrei numa cafeteria no bairro Moinhos de Vento e pedi meia taça café com leite, bem clarinha. Meia taça bem clarinha, confirmou ela. Veio uma taça bem escurinha. Esse é o Brasil desatento e sem noção.
A teoria dos 15
Nos anos 1960, o jornalista Ivan Lessa disse uma frase lapidar: de 15 em 15 anos, o Brasil esquece os últimos 15. Os anos foram passando, e eu fui reduzindo de 15 para 10, de 10 para 5, 2 e um ano.
Hoje, a frase correta seria “de minuto”. E, depois dessa da moça que me atendeu, finalmente me caiu a ficha: de 15 em 15 segundos, o Brasil esquece os últimos 15 segundos.
Pessoas assim têm uma grande vantagem sobre nós normais. Só precisam ler um livro bom – se é que leem – ver um só filme bom e ouvir uma só música que para eles é boa. O mundo será totalmente deles em…15 anos.