Não se sabe, chefe
Na antiga TV Tupi havia um programa humorístico em que um dos quadros envolvia um cacique e um índio, que teoricamente devia ser seu consultor. A cada pergunta que lhe era feita invariavelmente respondia com um “Não se sabe, chefe”. Está ai uma resposta-definição perfeita para o Brasil de hoje. Quem vai ganhar a convenção tucana? Não se sabe, chefe. Sérgio Moro tem chance? Não se sabe, chefe. O Capitão chega no segundo turno? Não se sabe, chefe. Lula lá de novo? Chefe, para de perguntar porque eu não sei. Só sei que meu salário precisaria de um mês de 15 dias no máximo.
Mas o índio sabe outras coisas. Sabe que o Brasil vive um presidencialismo justicialista cujo presidente é o Supremo Tribunal Federal no seu conjunto. Mas mandar mesmo quem manda é meia dúzia, Fux, Moraes, Toffoli – aliás, onde ele anda? Por que sumiu? Não se sabe, chefe.
O índio sabe que o Brasil sempre esteve deitado em berço esplêndido com remotas chances de acordar. O índio sabe que vamos continuar uma nação de segunda linha até o final dos dias. Se, no passado, estava deitado, hoje está chapado. A política continuará nas mãos dos caciques e alguns partidos são capitaninas hereditárias. Tomé de Souza vive!
O nosso Poder Legislativo tem sérios problemas de coluna, consequência de viver de cócoras. A tal ponto que não consegue mais ficar de pé.
O índio sabe que o sistema político brasileiro é referendado e robustecido por personagens que detestam largar o osso. E que, no dia seguinte à posse, começam a trabalhar a reeleição. A eles, a glória; aos eleitores, comer o pão que o diabo amassou, vivendo de esperança. Um bom nome para uma filha, por sinal, Esperança Vã. Pelo menos, é a última que morre.
Comemorações
Nesta semana, o babalorixá Pai Ricardo d’Oxum assumiu o cargo de vereador na Câmara da Capital pelo PSDB, em substituição a Moisés Barboza. A iniciativa da bancada foi para marcar a comemoração aos 50 anos do Dia da Consciência Negra. Ainda nesse sentido, o babalorixá Ricardo da Oxum promoverá uma celebração no Mercado Público de Porto Alegre, no sábado (20), das 7h às 17h. O evento tem o objetivo de valorizar a cultura negra e destacar a relevância das religiões de matriz africana no estado.