Muito novo para morrer

21 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em  Muito novo para morrer

Quando Porto Alegre ainda não botava gente ruim pelo ladrão e se podia velar os entes queridos nas capelas dos cemitérios sem medo de assalto, a Estação Rodoviária era a porta de entrada para milhares. A outra era a avenida Farrapos. A atual fica do lado oposto. Foi no tempo em que o interior tinha poucas universidades, poucos hospitais equipados e poucas luzes como as da cidade grande, minha época nela foram os anos 1960.

O túnel e elevada da Conceição não existiam. Quando se embarcava no táxi, na avenida Júlio de Castilhos, um fiscal  entregava um papelucho com um número para reclamações, o horário e o prefixo do carro. Era cena comum ver pessoas caminhando ao destino carregando pesadas malas. Táxi era caro.

Duas ou três bancas à guisa de lancherias, e deu. Quando eu saía para o interior, pedia uma salada de frutas, servida em um vidro grande maior que uma bombona de água mineral. A salada era quase só bananas, a fruta mais barata que existia. O dono era um armário mal humorado. Um dia cansei dessa vigarice. Cheguei no balcão e falei alto para todo mundo ouvir.

– Ô brocoió! Me serve uma salada de frutas de banana?

Saí de fininho. Muito novo para morrer.

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Imagem: CanvaPró

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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