Meu sonho de Natal

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Uma casa em alguma colônia alemã, lareira no quarto, estrada de chão batido e nada de asfalto com quebra-molas. Teto de zinco, para ouvir a chuva caindo, sótão com pé direito baixo, cobertor de penas. Na cozinha, fogão a lenha, chaleira chiando. Lá fora, uma ou duas vacas leiteiras.

Biscoitos caseiros, mel, chimia da colônia, kess schmier (quark), linguiça caseira, queijo colonial na despensa. No galpão, alfafa, feno, carreta puxada por bois, palha de milho.

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Um galinheiro ao lado para comer ovos caipiras, uma bela árvore de sombra em frente, com jardim cuidado por alguém que entende. No pomar, pitangueira, laranjeira, uma pequena parreira, bergamoteira, pereira, pé de araçá e jaboticabeira.

Se der espaço, uma cerejeira de frutos pretos. Um caramanchão coberto por jasmineiro. Roseiras subindo as paredes, rosas vermelhas, rosa e brancas.

Um cachorro pequeno e um grandalhão dócil, para impor respeito. Que lata apenas para pessoas indesejáveis. O pequeno, quem sabe, um fox. Mas pode ser vira lata, que pode dormir no pé da cama e no colo em frente à lareira.

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Vizinhos não tão perto que pareça coisa da cidade, nem longe que pareça solidão. Nos finais de tarde, conversa com eles e roda de mate. Vagalumes e pirilampos, os primeiros com ON permanente, os outros com pisca-pisca. Um casal de corujas para caçar ratos, uma cerca com arbustos mimo de vênus.

Um lampião a querosene, um rádio transcontinental, capaz de sintonizar emissoras de todo o mundo. Se vier com chiado, sem problemas, faz lembrar a Rádio Tupy do Rio de Janeiro, com novelas policiais, como Aventuras do Capitão Atlas.

Não pode faltar uma lâmpada solitária num canto da casa que se possa ver da cozinha, luz fraquinha vestida com pingos de chuva quando ela vier. Não pode faltar uma lanterna potente para iluminar toda a região durante as madrugadas, recado para mostrar que tem gente em casa.

Na parede da cozinha, um quadro como tive na minha infância, com versinho em alemão. Traduzido, fica assim.
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      Dizem que lá fora há um mundo
      Um mundo novo que nunca vi
      Mas que me importa esse mundo
      Se meu mundo está todo aqui


Se outros querem coberturas duplex em prédios modernosos, eu passo. Quero uma casa no campo, como na música de Zé Rodrix, cantada por Elis Regina.

Luzes da cidade não me seduzem mais. Luzes têm um objetivo, mostrar como a escuridão pode ser agradável, neste caso.

Antes de nela morar, devo fazer uma revisão de coisas que faltam. Ah, sim, uma bicicleta da marca Hércules, que eu tive quando era criança e adolescente, cor verde metálico.

O mínimo de plástico possível na casa e cozinha. Canecas para tomar café e água de um poço de água limpa. Um detalhe: a escada de madeira que leva ao sótão deve rangir.

É equipamento de segurança, caso ladrão entre em casa. Posso fazer um recall mais adiante.  

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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