Meu querido diário
Neste dia friozinho, vesti uma jaqueta um pouco mais grossa para enfrentar o termômetro. O primeiro frio a gente nunca esquece. Fosse em julho, usaria uma jaqueta leve e camiseta por baixo, e deu. Dá para fazer uma metáfora com o Brasil de hoje. Depois de um início interessante, a campanha contra o presidente-que-não-se-ajuda perdeu a graça. Virou friozinho de maio.
OLHA que a rapaziada está fazendo força para ver chifre em cabeça de cavalo, mas é mais do mesmo. Sejamos francos: virou pessoal. Exageraram no fermento. O bolo que era para ter um andar, já está no quinto e agora ruma para ser arranha-céu. Constitucionalmente falando, falta carvão na caldeira para essa locomotiva sair do lugar. A aposta é no desgaste. Com 30% do eleitorado a seu favor, um processo de impeachment do Capitāo não é como chutar cachorro morto.
ENQUANTO isso, procuro aqueles gráficos de curva do vírus e não os acho com facilidade. Deve ser alguma pegadinha ou tarefa de gincana: ache onde está a curva da covid-19. Pelo que lembro, da última vez ela estava achatando em Porto Alegre. Então perdeu a graça. Vírus só é notícia quando mata adoidado, não tem mais UTI disponível e os infectados se arrastam nas ruas à procura de uma vaga no hospital.
ENTREMENTES, ninguém consegue explicar o motivo do patife vírus só agora pegar a turma da baixíssima renda das favelas. Ouso dizer que a causa pode ter a ver com a vitamina S, de Sujeira – aquela que faz muitas maldades, mas dá bonificação em forma de anticorpos para uma porção de doenças. Por isso, começou com doença de rico cá no Sul. Rico corre para o hospital até quando aparece unha encravada.
MEU querido diário, me dei conta da falta de protagonismo dos partidos de esquerda – exceção do PSol -, mormente do PT. Estaria ele na UTI? Ou a camada dirigente estaria se prevenindo, tomando chazinho de sumiço?
TAMBÉM existe o chá de presença. Certa vez um comunicador gaúcho falou assim: Esse negócio de autoajuda depende muito da pessoa, não é mesmo? É mais ou menos como dizer que as árvores crescem até a altura que atingem.
PARA encerrar, diário meu, desconfio que, na reabertura das cafeterias, não haverá mais café moído. Mofou tudo.