Macaquices

3 nov • NotasNenhum comentário em Macaquices

No passado, o Brasil viveu um momento de temor profundo temendo que os Estados Unidos invadissem o Brasil. Na década de 1950, a maior parte das grandes empresas era americana, produtos e serviços tinham a marca do Tio Sam. E o Brasil criou o “Yankees, go home”, expressão turbinada pela esquerda que, naquele tempo, se chamava PCB, Partido Comunista Brasileiro, e o PTB populista de Getúlio Vargas.

Criou-se um clima de suspeitas que muita gente olhava para as cuecas para ver se não estava escrito “made in USA”. Se tivesse, botava fogo.

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Mesmo assim, adorávamos filmes e desenhos animados americanos. Os cigarros era fabricados por empresas como a Souza Cruz, a maior, que pertencia à BAT – British American Tobacco. Já os isqueiros eram Zippo,e.

Quando Roberto Marinho fundou a Rede Globo, a esquerda dizia que o dono era o grupo Time-Life. Mas ninguém deixava de ver seus programas. Apesar disso, bebemos Coca-Cola e mascamos chicletes Adams, entre uma passeata e outra.

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Passado o furor esquerdóide de culpar os Estados Unidos por tudo, incluindo nossa fraqueza econômica, o Brasil continuava – ao mesmo tempo – desconfiado e admirador do american way of life. Depois veio 1964, e o ódio ao Grande Irmão do Norte foi desaparecendo, ou pelo menos amenizando.

Agora, pule para os 15 últimos anos. Quem invadiu o Brasil de forma solerte com pleno acordo dos nativos brasileiros? Os Estados Unidos. E a invasão se deu pela língua. Com auxílio da bruxaria, ora vejam só.

Halloween, Valentines’ Day  happy hour, Christmas Day, insight, core business. O mundo executivo detesta usar o equivalente em português. Sinal que invadiram nosso cérebro, como naquele filme com a Nicole Kidman.

A invasão continuou mudando até nomes de produtos de largo consumo, como hot dog, barbecue. O pioneiro foi ketchup, já nos anos 1950.

A Cúpula virou Summit e até o Sul virou South. Então começaram as substituições. Até os italianos pegaram uma beirada e venderam aquela coisa esponjosa chamada panetone. Os baratinhos e  ruinzinhos  deveriam ser usados para fazer asfalto tipo borracha.

Abacate de bigode

A dependência da culinária brasileira dos pratos e temperos americanos expressa nos programas de culinária na TV é tamanha que nossos pratos típicos só aparecem com “reeeleitura”.

Até o nosso abacate agora fala espanhol mexicano e depois inglês. Virou guacamole. Ah, mas são diferentes, dizem alguns. Por que dizem isso? Por acaso guacamole tem bigode?

Tsunami de molhos

Já vi um hambúrguer gigante vendido em uma cadeia norte-americana de fast food (cadê a nossa comida ligeira?) que me deu enjoo só de ver. Três tipos de carne, quatro tipos de pimenta, molho quatro queijos, molho barbecue, mais dois tipos de mostarda. Uma avestruz, que come até prego, teria congestão.

Carne açucarada

Como sabemos, os gringos não comem nada sem litros de molho, inclusive o BBQ. Moda que ganha adeptos no Rio Grande do Sul.

Cada um, cada um, mas de novo vem o espelhinho e as miçangas presenteados por Cabral quando  chegou aqui. Açúcar mascavo em vez de sal é uma dessas modas. Desconfio que, dentro de alguns anos, o nosso churrasco só com sal será proibido.   

Quando Cabral descobriu o Brasil, trouxe espelhinhos, miçangas e contas coloridas para os selvícolas e até doenças venéreas, que devolveram a gentileza presenteando pedras preciosas. Quinhentos anos depois, voltamos a ficar maravilhados com espelhinhos, miçangas e continhas.

Yes, nós somos bananas..

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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