Oh, tempos estranhos

14 abr • NotasNenhum comentário em Oh, tempos estranhos

São tempos de vaca não reconhecer bezerro, de urubu reclamar do fedor do colega, de pecador jurar que é santo, de político viver de verba partidária e achar que é normal e que também é pouco. Vivemos tempos em que dirigentes empresariais aconselham colegas que não deem aumento para seus funcionários porque talvez não possam pagar mais adiante. Mesmo que seja correção (parcial) da inflação, e não aumento.

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Meu ET preferido ficou escandalizado com o aumento – aí sim é aumento – dos produtos nos supermercados. Também teve um ataque ao pagar uma refeição que custava 50 reais hoje valer 150.

Expliquei pacientemente que isso se chamava remarcação preventiva. E que, aqui na Terra, brasilienses preferem lucrar muito numa refeição do que ganhar na escala.

https://cnabrasil.org.br/senar

Meu ET preferido não é burro, mas é burro em matéria de capitalismo selvagem. No planeta dele o governo sabe que, para aumentar o giro da economia, é preciso ter renda. E, por isso, subsidia transporte coletivo e pão, ou farinha de trigo.

Ele ficou mais confuso ainda quando soube que só em torno de 20% dos usuários do transporte coletivo de Porto Alegre pagam a passagem. Já a dos outros 80% quem paga é o patrão, com o vale-transporte. Ele urrou. Mas como não leio e não vejo e ouço isso nos jornais, TV e rádios? Fiquei embaraçado.

Meu ET preferido quis saber se os candidatos a presidente dos grandes partidos políticos já estavam no partido. Negativo, falei, brigam entre si e alguns, que são chamados de velha guarda, nem mesmo querem lançar candidato próprio, e dei como exemplo o MDB. Mas qual o motivo, perguntou, enquanto botava sal de fruta no copo com água – azia, explicou, estou fazendo uma úlcera.

Pacientemente expliquei que no Brasil os partidos preferem ser amigos do rei, em vez de ser o rei. Ué, falou, mas o regime aqui não é presidencialista, regime democrático, e você me diz que é monarquia.

É um pouco mais complicado, respondi. Nos partidos é o sistema de capitanias hereditárias. O que eles querem é cargo no futuro governo, então apoiam o provável vencedor. O salário é alto? Não, meu ET preferido, ao contrário. Mas o “ponto” costuma ser bom.

E quem você acha que ganha? Pergunta errada, respondi. A certa é qual deles faz o eleitor perder mais. Puxa vida, exclamou ele. Deve ser angustiante para vocês. Muito, respondi, e aduzi. – Tens um sal de fruta sobrando?

Em se bebendo, dá

Três dos 10 brasileiros mais ricos da lista da revista Forbes fizeram fortuna com cerveja. Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupura, que para pobres também não serviam, turbinaram seu dinheirinho quando compraram a Cervejaria Brahma nos anos 1990.  Esse porre não deu ressaca.

Congestionamento de pedestres

Em horários de pico dos anos 1960, era desse jeito que ficava a Rua da Praia. Era um caos organizado. Havia poucas colisões entre pedestres. 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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