Hortênsias da loucura

11 abr • NotasNenhum comentário em Hortênsias da loucura

Tenho abordado, na minha coluna do Jornal do Comércio, a questão dos preços de Gramado, cuja hotelaria se ressente da falta de reservas. O prefeito Nestor Tissot culpa as obras dos dois viadutos na BR-116, em São Leopoldo e Nova Petrópolis. Além do alto custo das passagens aéreas.

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Passou ao largo do xis do problema, da loucura que tomou conta da Serra das Hortênsias. A resposta dos leitores foi de plena concordância com minha posição.

De alguns anos para cá, a cidade pensa que está na Quinta Avenida de Nova Iorque. Seja nas diárias, seja nos restaurantes e serviços.

Sem noção

Além do mais, até meados de 2000, uma das atrações de Gramado era um certo ar bucólico, herdado do tempo em que turistas locais e estrangeiros lá iam para ter conforto e visão de campo, vamos dizer assim. Algo como “meu amor e uma cabana”, mas com todo conforto.

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Pousadas com quartos aconchegantes, cafés da manhã fartos. Até mesmo os grandes hotéis buscavam dar esse toque charmoso.

De uma hora para outra, decuplicou o número de hotéis. Maioria sem identidade cultural com a região, tirando as fachadas e hall de entrada, firulas para enganar turistas. Mas as diárias…

Parque de diversões

Ao mesmo tempo, vieram os parques temáticos com investimentos de centenas de milhões de reais alegados. E a cidade virou um grande parque de diversões, com entradas à altura dessa megalomania.

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O dinheiro não se multiplica. Então, se vocês comprarem a entrada para a família, esse dinheiro vai fazer falta em outra operação. Não há bolso que aguente.

Anemia de grandeza

Observem que, até mesmo eventos temáticos, como o Natal Luz, ficam anêmicos. Nos restaurantes, é aquela coisa. Devem achar que somos todos Elon Musk do Twitter.

Ontem, um empresário me ligou para contar seu caso. Ofereceram para ele um apartamento por R$ 600 mil o metro quadrado. Uma insanidade.

Foi a um restaurante comer fondue e cobraram R$ 250 reais. Vê se pode. E quiseram cobrar R$ 13 mil por um vinho argentino.

Gosto é gosto. Mas cá pra nós, fondue é a comida que nós fazemos e pagamos para o dono nos cobrar de novo.

Ai que loucura!

Como escreveu a socialite carioca Narcisa Tamborindeguy. Não é só na Serra, essa sensação que todo mundo está ficando louco é geral para quem não loqueou.  

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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