El dia en que me quieras

17 jul • NotasNenhum comentário em El dia en que me quieras

Nada como um episódio traumático, ou que pelo menos deveria sê-lo, para reforçar a crença que o Brasil é um país com indignações efetivas poucas. Um futuro presidente da mais alta corte do país dizer “nós derrotamos o bolsonarismo” teria uma onda de repulsa em outros países acima do Equador, com direito à renúncia do autor.

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Sem entrar no mérito do “ismo”, e mesmo que seja o caso, não podia ter dito isso em uma convenção de estudantes radicais, de esquerda. Aqui, só gerou marolinhas.

O alvo

Deu ideia de um complô com alvo colimado desde o início do processo. Como disse um ministro do tempo do regime militar, às favas os escrúpulos.

Mesmo em rodas de advogados militantes, a indignação só chegou a isso. Porque, em seguida, vem o “e vai ficar por isso nesmo”. E ficará.

https://cnabrasil.org.br/senar

Então, onde está a famosa opinião pública? Não está. 

A vox populi precisa ser alimentada por informações e análises de colunistas respeitados aptos a traduzir a informação. Se 70% dos brasileiros mal e mal sabem escrever uma linha, igualmente tem escassa informação. A que tem resume-se a:

  • a) fake news;
  • b) elaborações sem base boa fatos;
  • c) desinformação pura.

A linha do recálculo

Traçando uma linha imaginária, acima temos o que se chama de o grande diretório nacional, não superior a 7-8% da população. Esse grupo sabe instantaneamente das coisas e já cristalizou opinião. Ou é capaz de ajustá-la de acordo com o reabastecimento de novas informações atinentes. Como diz a moça do GPS, recalculando.

Après moi, le dèluge 

Depois de mim, o Dilúvio, disse um dos reis franceses. Exagerou claro, mas, no Brasil, o dilúvio – literalmente nos últimos tempos e metaforicamente há muito mais tempo – existe em forma de solene desprezo pela verdade.

Abaixo da linha imaginária existe uma massa que luta pela sobrevivência, deixando o resto contido em conversas de botequim. Ele cristalizou opinião, que pode ser resumida na expressao “vai ficar por isso mesmo”.

Os patifes de sempre

Esse povo sabe que a corrupção não termina nunca, que a burocracia; os maus serviços públicos são uma constante; e que patifes de toda ordem saem leves, livres e soltos de qualquer bronca maior. Ele apenas reza para não ser vítima de bala acidental-de novo, literalmente e metaforicamente. Também reza para que os filhos não caiam nas mãos dos traficantes, no mundo sem volta das drogas.

Este povo que assim pensa está cansado de perder. Pesarosamente, concordo. Vai ficar por isso mesmo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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