Distritos eróticos
Fundadora da boate Gruta Azul, Maria Croaré Amarante (onde andará?) seria ou ainda é fonte inestimável para quem quer conhecer o passado dessas casas noturnas. Fundou as boates Gruta Azul e, antes dela, a Caverna, na avenida Farrapos; o Harém; e o Dragão Verde, na avenida Júlio de Castilhos, Centro Histórico de Porto Alegre.
O – ou A Gruta todos conhecem, pelo menos conhecem de ouvir falar. Foi a nossa La Licorne, de São Paulo. Sua fama era muito grande em todo o país.
Há coisa de uns 25 anos, foi palco até de lançamento de um filme que tinha no elenco estrelas da TV Globo. Com direito a champanhota e canapés de boa cepa.
Os promotores do evento convidaram a alta sociedade gaúcha, ou o que dela restava. Tudo no maior respeito, claro. Embora a casa estivesse funcionando normalmente.
Houve quem dissesse que houve respeito até o segundo espumante. Depois disso foi um festival de canibalismo. Como já dizia o Caetano Veloso, de perto ninguém é normal.
Havia tanta gente que algumas socialites ficaram de pé no corredor de acesso, perto de um laguinho que existia no velho(a) G.A. Uma delas, já madura, para ser caridoso. Dizem que foi a primeira a fazer um test drive de silicone, estava toda faceira e extravasando alegria como se da casa fosse.
Foi nessa hora que um táxi parou na frente, e dele saiu um cara com pinta de empresário ou alto executivo. Carregava o paletó nas costas, naquela posição de dedo enganchado, gravata frouxa.
Mais tarde, soube-se que ele era um cliente assíduo de Ribeirão Preto e tinha acabado de chegar. Ele olhou as estranhas no ninho perfiladas no corredor e focou a senhora em questão. Foi direto ao diretor da casa.
– Olha que eu sou freguês da Gruta há anos, vocês já tiveram mulher mais nova na casa…
Do Dragão Verde tem outro causo, a de um garçom que despejava o uísque de um delegado no balde de gelo. Mas essa já é outra história. Melhor, já é outra zona.