Deus e o diabo na Terra do Sol

23 abr • NotasNenhum comentário em Deus e o diabo na Terra do Sol

Eu não consigo entender como alguns jornais impressos permitem a ditadura da forma sobre o conteúdo. Por exemplo, eu e muita gente conseguimos ler a ZH  com muita dificuldade. Fontes pequenas e desmaiadas, um cinza claro, quase inelegíveis. O que faz o leitor comum? Para de ler. E olha que boa parte de quem tem mais de 50 anos tem algum problema de visão.

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Tudo para economizar papel e tinta. Azar do leitor.

A culpa é dos editores, chefias, secretários de redação e editor-chefe. Dono de jornal gosta mais de admirar o conjunto da obra, tipo admirar a moldura sem se ater nos detalhes do quadro. Não leem com olhos de ler todos eles.

Já reclamei, já falei com colunistas amigos de ZH, alguns concordam e “vão ver”. Não vão. Então quando se fala da diminuição do número de leitores parte da queda está neste pormenor.

O essencial…

… é invisível aos olhos, já disse Saint Exupery. A direção do jornal deveria ter isso em mente. Se Deus está nos detalhes, o diabo também está.

Leveza de paquiderme

Certa vez, reclamei do mesmo problema para o Caderno Destemperados, e eles não só responderam como aumentaram as fontes. Sabem por quê? Porque é terceirizado. Elefantes são lerdos.

Esse conselho é grátis. De nada.

Eu só queria entender

A imprensa tem alguns cacoetes-padrão que, às vezes, chegam a irritar quando martelam o óbvio ululante. Um deles é o  “entenda” como funciona isso ou aquilo. Em tese é saudável, mas forçar a barra beira o ridículo. Li por aí “entenda como Roberto Carlos chegou aos 80 anos. Pensei que fosse entrevista com um geriatra, mas não, era uma tese do articulista.

Pior que não entendi nada. Conclui que Roberto Carlos viveu até os 80 anos porque não morreu até agora.

Cretinices

Eu sou um colecionador de cretinices. Oficiais, principalmente. Não que goste, mas por dever de ofício. É uma maldição que vem dos tempos em que a humanidade evoluiu do macaco alfa para a chefia da aldeia. Na realidade, muitas chefias dizem besteiras ou tomam decisões bestas insufladas por assessores. Tirando os poucos que realmente são bons, o resto foi invenção do Foguista Lá de Baixo. Se não criação, pelo menos frequentaram um curso de aperfeiçoamento bancado pelo demo.

Quando leio ou ouço os mais realistas que o rei defenderem a chefia e esgrimindo argumentos sem pé nem cabeça, tenho a impressão que alguns deles têm um orgasmo. Múltiplo. Um a cada menção do nome do líder. É curioso esse suicídio de pessoas públicas. Em vez de se cercar por pessoas qualificadas, dão preferência aos puxa-sacos. Dá no que dá. Esta é uma das tantas estupefações que também tenho colecionado ao longo da minha carreira.

O pensador espanhol Jose Ortega Y Gasset disse uma frase que ficou famosa, o homem é o homem e suas circunstâncias. No caso, as circunstâncias são os assessores, que, não raro, deixam o homem público de calças arriadas. O que é uma circunstância muito embaraçosa, para dizer o mínimo.

De segunda

Você come um chocolate suíço, alemão ou austríaco e uma coisa. Amêndoas nossas são raquíticas perto das europeias. Pão e queijo nem se fala, e são apenas alguns exemplos. Por que neste país tudo tem que ser de segunda, incluindo governantes?

Até tu, Mercosul

 Para quem gosta de queijos fora do rol dos sambas de uma nota só, Porto Alegre tem algumas poucas queimadas. Mas desconheço as que trazem os bons produtos do Uruguai e Argentina. Nem tudo que reluz é ouro, verdade, mas os queijos cremosos da uruguaia Conaprole sumiram. Nos anos 1990, eram vendidos até nas feiras livres das ruas. Já me disseram que tem dedo brasileiro espetado nos queijos dos nossos vizinhos.
É intrigante. Existem à venda queijos franceses e portugueses mas nenhum produzido aqui ao lado.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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