Desventuras de um velhote arruaceiro

15 jun • NotasNenhum comentário em Desventuras de um velhote arruaceiro

Quando era adolescente li um livro muito bom, O Egípcio, de um finlandês chamado Mika Valtari. Narrado na primeira pessoa, relatava a vida de um pobre egípcio que venceu na vida e se tornou “m´édico” de dois faraós. É baseado em pergaminhos mais ou menos reais.

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A folhas tantas, relata como se praticava a medicina naqueles tempo, e como era o processo de embalsamento dos faraós. Primeiro tiravam as vísceras depois o cérebro com uma colher e arame. Não sobrava nada na cachola de suas divindades.

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Foi por aí que me submeti ao primeiro exame de covid, depois mais dois. Fiz três, negativados. Aí o pessoal do jornal pediu um quarta vacina. Puxa vida, mais uma? Fi-lo porque qui-lo na terça.

Rapeizes, como diz o José Luis Previdi, passei uma noite daquelas. E amanheci com a cabeça que era um porongo. Tremia de frio apesar dos 20 graus C. Achei que estava com 40 graus de febre. Eram só míseros 37,5 graus C.

Mas como, até nos termômetros corporais tem fajutice? Não culpem os chineses de tudo. Enfim, fiquei em repouso. Tremia tanto de frio que, se me dessem uma coqueteleira, virava manteiga. Ou já não se fazem mais reações como antigamente ou tem gato na tuba.

A revolta da matéria

Deve ser a tal vingança da matéria, revolta dos vírus, algo do tipo por mais royaltes. Onde já se viu uma temperatura mixuruca como essa? E eu pegando fogo. Os indianos são mais caprichosos de pilares, é de 40 pra cima. Mas que estou mal, estou, embora sem comprovação científica.

Menino prodígio

Desconfio que esse termômetro foi fabricado na Rússia com peças sobradas da Grande Guerra Patriótica em 1944, disponíveis no almoxarifado que sobrou da invasão russa na Ucrânia e montadas pelo afilhado de 12 anos de Putin, com o auxílio de um mecânico da Bessarabia, com problemas de visão. Só pode.

Abaixo se lerão algumas maltraçadas linhas escritas por mim quando entrei  em transe covídico. Não respondo por elas. Eu não sabia o que fazia, como dizia o cara que foi pego na cama com um travesti.

Maneiras novas e práticas de escrever palavras velhas:

  • Foi demitido – está em busca de novos desafios.
  • Homem – nem sempre.
  • Mulher – talvez.
  • Conversa de longo prazo – narrativa.
  • Quando muda de assunto – capítulo.
  • Lifting – alisou a pele que ficou igual a vidro plano.
  • O doutor foi ao dentista – dá uma desculpa qualquer para esse chato.
  • Está em reunião – mesma coisa.
  • Estamos solidários com você – estamos coisa nenhuma.
  • Quem sabe mais adiante – no dia de São Nunca.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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